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Espiritualidade ressignifica a sexualidade e ajuda a curar a culpa do prazer

Em uma sociedade marcada pela repressão, ritos e entidades como Exu e Pombagira ensinam que corpo e fé não precisam ser inimigos.

Marcela Rampini | Relações Públicas - B.Repense
02/09/2025 17h18 - Atualizado há 1 dia
Espiritualidade ressignifica a sexualidade e ajuda a curar a culpa do prazer
Foto: Reprodução | Internet

Em um país em que 40% das mulheres afirmam sentir culpa ao falar de prazer sexual, dado revelado pelo levantamento do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, tradições espirituais que integram corpo, desejo e fé oferecem caminhos de reconciliação entre a vida íntima e a vida espiritual. Na contramão de crenças que historicamente reprimiram o prazer, o Candomblé reconhece a sexualidade como parte natural e sagrada da existência.

Para Eduardo Elesu, sacerdote de Esù, esse é um dos pontos que mais atraem pessoas que buscam nas religiões afro-brasileiras um espaço de acolhimento. “Exu e Pombagira não falam de pecado, mas de responsabilidade. Eles nos lembram que o corpo é templo, que o desejo é força vital e que a espiritualidade precisa caminhar junto com o prazer, não contra ele”, afirma.

Elesu reforça que a repressão da sexualidade gera consequências que vão além da vida íntima. “Quando alguém passa a vida inteira acreditando que sentir prazer é errado, carrega culpa e vergonha para todas as áreas da vida. Isso adoece relações, afasta a pessoa de si mesma e pode até comprometer sua saúde emocional”, explica.

Segundo o sacerdote, ritos como ebós e trabalhos com entidades ligadas à sexualidade ajudam a transformar essa relação. “Um ebó pode ser tão libertador quanto uma conversa de terapia, porque ele rompe padrões de energia e abre espaço para que a pessoa se veja com mais amor. É um trabalho espiritual que ressoa no corpo e na alma”, acrescenta.

Especialistas em saúde sexual apontam que a repressão histórica da sexualidade, sobretudo feminina, está associada a índices mais altos de ansiedade, depressão e dificuldade de estabelecer relações afetivas saudáveis. Ao oferecer uma visão integrativa, a espiritualidade afro-brasileira tem se tornado, para muitos brasileiros, um caminho de libertação.

“Quando uma mulher acessa Pombagira, ela encontra um reflexo que valida seu desejo, sua voz e sua autonomia. Ela aprende que ser firme, desejar e escolher não é pecado, é potência. Isso é revolucionário em uma sociedade que ainda tenta domesticar o corpo feminino”, reforça Elesu.

No contexto atual, o debate ganha ainda mais relevância, já que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 52% da população mundial enfrenta algum grau de insatisfação sexual. “Reconhecer que espiritualidade e sexualidade andam juntas não é banalizar a fé, mas devolver às pessoas a liberdade de se relacionar com o divino sem medo do próprio corpo”, conclui o sacerdote.

Sobre Eduardo Elesu

Eduardo Elesu é sacerdote de Esù e dirigente do Ilê Odé Nlá Axé Alagbará. Sua trajetória espiritual começou na infância, marcada por experiências de dor e superação, tendo encontrado acolhimento no candomblé. Frequentador do Candomblé desde os três anos de idade, é filho da Yalorixá Siwalejó (Noemi) e de Carlos Eduardo. A perda repentina de seu pai reforçou o vínculo da família com a espiritualidade afro-brasileira. 

Iniciado em nome de Oxóssi, Eduardo sempre teve uma forte conexão com Esù, assumindo responsabilidades rituais desde jovem. Foi acolhido no Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá, onde se aprofundou sob a orientação do Babalorixá Rodney William. Após cumprir todas as etapas iniciáticas, foi consagrado como Elesu, sacerdote de Esù. Atualmente, como Oluwo, lidera seu próprio Ilê e é amplamente reconhecido pela precisão nos Jogos de Búzios, rituais de Ebó, encantamentos e processos iniciáticos.


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Marcela Moraes Rampini
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