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Escritora e roteirista Ana Carolina Francisco compartilha narrativa poética de coming of age, sobre crescer, amar e resistir

“Corpos, Fendas e Fronteiras” mergulha na formação subjetiva de uma jovem mulher em trânsito entre afetos, países e lutas políticas, entrelaçando poesia, memória e insurgência.

ANA FERRARI DA COM.TATO
24/09/2025 18h11 - Atualizado há 8 horas
Escritora e roteirista Ana Carolina Francisco compartilha narrativa poética de coming of age, sobre crescer,
Divulgação
“Ana é uma voz plural de mulheres que escrevem e espantam os antigos silêncios, que podem viver, agir, transbordar. Ela faz parte desta luta que há séculos risca um patriarcado que silenciou e dividiu as mulheres, dentro delas mesmas e dentre suas semelhantes. Ana vem reunir pedaços, soprar feridas, acender corpos em suas fagulhas. Brisa e brasa, reinventam terras, e Ana está apenas começando. Quem a lê sente: ela já começou há muito tempo.”
Susana Fuentes, escritora, atriz, pesquisadora, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e semifinalista do Prêmio Oceanos, no texto de quarta capa do livro
 
“Ana Carolina Francisco parece ser a principal representante (sem o sentido ortodoxo de periodização ou de filiação a uma corrente) de uma linguagem poética que pode ser definida como teatro da subversão, algo empírico, que desestrutura emoções e eterniza aparentes efemeridades cotidianas. Sua poesia é uma verdadeira prova de sobrevivência, individual e personalizada, da atitude do leitor diante de olhos enviesados e fronteiriços que evocam uma outra forma de visão: através das fendas.”
 
Sérgio Mota, professor de Literatura e de Cinema Brasileiro da PUC-Rio, no texto do prefácio
 
 
Em “Corpos, Fendas e Fronteiras” (Editora Letramento)a escritora, roteirista e jornalista Ana Carolina Francisco reúne poemas escritos entre os 18 e 23 anos, que narram a jornada de crescimento de uma jovem atravessada por afetos, deslocamentos e descobertas do início da vida adulta. Escritos em cafés, guardanapos, cadernos antigos e madrugadas insones entre Rio de Janeiro, Inglaterra e Estados Unidos, os poemas transitam em temas como as primeiras paixões, sexualidade, choques culturais, política, feminismo e a dualidade entre desejo e repressão.
 
A coletânea nasce das vivências comuns entre mulheres — amizades, tabus, repressões — e faz da poesia um lugar de elaboração e expressão no começo da vida adulta. O livro conta com prefácio de Sérgio Mota, professor de Literatura e de Cinema Brasileiro da PUC-Rio, e texto de quarta capa assinado por Susana Fuentes, escritora, atriz, pesquisadora, finalista do Prêmio São Paulo de Literatura e semifinalista do Prêmio Oceanos.
 
“O olhar valorizado pela poeta é justamente o olhar que não se limita à contemplação, mas que reflete sobre si e o mundo, na disposição do texto em que se inscreve, como escultura, no espaço em branco da folha”, observa Sérgio. “Os textos de Ana parecem perguntar: como explicitar uma cartografia de um mundo que está sob o signo dos corpos, do amor, dos olhares, de uma realidade que parece ter ultrapassado a sua medida?”
 
O livro é dividido em cinco partes, que funcionam como ensaios poéticos sobre a vida e olha da autora: 1) No sussurro entre frestas; 2) Prece; 3) Fendas, Fraturas e Fronteiras; 4) Curvas de corpo e abismo; e 5) Do meu suor, um rio. A partir dos poemas, vamos acompanhando a trajetória de uma jovem mulher que busca afirmar sua voz diante das imposições sociais, culturais e íntimas que a cercam. Além disso, o prelúdio “No Sussurro Entre Frestas” dá um tom inicial para obra, com poemas que convidam o leitor a adentrar no “universo visual e sensorial de Ana”, como define Sérgio.
 
Ana vive e questiona o mundo, constantemente. A experiência de ser uma mulher latina no exterior, o impacto de amizades femininas e a necessidade de fabular a própria vida se entrelaçam em versos que funcionam tanto como registro pessoal quanto como gesto político de enunciação. “Contar a nossa história primeiro nos salva e depois nunca sabemos quem ela pode abraçar, acolher e fortalecer. Quando nós mulheres escrevemos e compartilhamos esse escrito, além de ser um um ato de coragem, é um momento de respiro: o mundo de fora, tão intrusivo em nossas vidas, se aquietando, somos somente eu e o papel. Volto o olhar para mim mesma e deixo expandir minhas sensações, meus ruídos, colecionando e polindo memórias como quem lava cetim. E depois, ter seu texto lido por outra, e o texto de outra lido por você… são lufadas de ar fresco”, reflete a autora.
 
Em “Corpos, Fendas e Fronteiras”, o pessoal é político, e a política se encontra justamente nas entrelinhas íntimas das poesias, que falam ao mesmo tempo para dentro e para fora, do pessoal e do coletivo. “Eu vejo a escrita de si mesmo como um tensionamento entre realidade e ficção, como uma importante ferramenta política”, ressalta a autora. “Ana Carolina Francisco organiza e desorganiza, ao mesmo tempo, essas imagens que viram matéria de poesia, de forma madura, sem deixar de propor uma gramática questionadora e combativa, na performance dos corpos na cidade. Temos aqui um eu que confronta o mundo”, sublinha o professor.
Entre suas referências, Ana Carolina Francisco cita autoras como Adélia Prado e Hilda Hilst, cuja escrita também rompe com os limites de uma educação religiosa. Enquanto Adélia transita entre fé e cotidiano, Hilda explora desejos, limites e o sagrado de forma intensa. Em “Corpos, Fendas e Fronteiras”, essas vozes reverberam em poemas que enfrentam silenciamentos e dão corpo às vivências femininas, fazendo da poesia um território de criação e partilha, onde o íntimo se expande em direção ao coletivo.
A coletânea também reflete a importância das redes afetivas e do diálogo entre gerações de mulheres, costurando memórias de ancestralidade com os dilemas do presente. Entre dor e desejo, encontro e desencontro, Ana Carolina transforma em palavras os conflitos de crescer e reinventar-se em diferentes territórios. O resultado é quase um “romance de formação em versos”, em que a escrita se mostra tanto vulnerável quanto insurgente. A autora também  se inspira em nomes como Pablo Neruda, Ana Cristina César, Marc Chagall, T.S. Elliot, Vinicius de Moraes e, principalmente, Florbela Espanca, a quem dedica a obra.
 
Sobre a autora
 
Atualmente residindo no Rio, Ana Carolina Francisco é escritora, roteirista e jornalista, com atuação entre literatura, cinema e teatro. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, estudou Cinema e TV na UCLA (EUA) e Comunicação na University of Liverpool (Reino Unido). É mestranda em Comunicação na UERJ e autora do livro de poesias “Corpos, Fendas e Fronteiras” (2022), lançado em eventos como a Bienal do Livro e a FLIP. Seus trabalhos autorais já foram premiados e exibidos em festivais no Brasil e no exterior.
 
Adquira “Corpos, fendas e fronteiras” no site da Editora Letramento: https://www.editoraletramento.com.br/produto/corpos-fendas-e-fronteiras.html
 

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ANA LAURA FERRARI DE AZEVEDO
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