Depois de estrear seu trabalho solo anunciando uma trilogia, NINGUÉM amplia o escopo sonoro e lírico do projeto com “Balanço Oculto, Vol. II”. O beatmaker/ritmista, compositor e produtor musical carioca Compay Oliveira reimagina, ressignifica e recria a pós-MPB com olhar de vanguarda, reverenciando o passado e refletindo o presente. O novo EP já está disponível nas principais plataformas de streaming.
A trilogia “Balanço Oculto” está ancorada na rítmica e lírica aberta por Jorge Ben Jor na música brasileira. Compay mergulha ainda na estética dos artistas brasileiros entre os anos 90 e 2010, quando formou suas aspirações como compositor ao observar aqueles que fugiam às regras e não se rendiam aos padrões.
O interesse pela música por um prisma de criação coletiva foi gestado na Orchestra Binária, trio que passou a integrar em 2004, mas foi ainda na adolescência, na Cidade de Deus, que o músico foi se formando. A partir desse momento, foi ganhando a bagagem musical que deu origem à trilogia que NINGUÉM revela agora.
“Esteticamente, eu diria que este EP, por representar a sequência de um prólogo (Balanço Oculto, Vol. I), tem a função de desdobrar uma ação de ampliação do espaço que procuro criar como minha forma pessoal de expressão artística. Sem me escorar numa aura retrô passadista, e também sofrer uma ansiedade contemporânea pelo desejo do atual neste momento, alarguei meu arco musical de sonoridades recorrendo a toques, batidas, instrumentos, cadências, enfim, que me remetiam às obras dos Originais do Samba, Trio Mocotó, Bebeto, Branca Di Neve, entre outros, para entoar versos próprios à minha personalidade, sensibilidade, imaginação, interesses, espírito”, resume.
Compay Oliveira atua na cena independente carioca desde o início dos anos 2000. Agora, seu trabalho solo começa a ganhar forma com a trilogia “Balanço Oculto”, cujo primeiro volume foi lançado em 2020, seguido do single “Menos que Nada”. Esses primeiros lançamentos chamaram atenção da mídia especializada dentro e fora do país, como na rádio KBCS (EUA) e Sounds and Colours (EUA/Reino Unido).
Enquanto a primeira parte do projeto trazia tons jamaicanos, graças à colaboração com o produtor e baterista Fernando ChinDub, atuante na cena reggae e dub de São Paulo, agora o músico se volta para suas origens no sambalanço e samba rock somando a produção de multiartista Arthur Martins. Helder Dutra e Marcio Silva, que integram a Orchestra Binária ao lado de Compay, surgem com Ocres de Nantes nos coros. Cuíca, reco-reco, ganzá, surdo e agogô dividem e somam à guitarra e piano rhodes, tudo no balanço do duo de sopros formado por trombone e trompete.
Em meio a beats e toques, riffs e roques, NINGUÉM ecoa suas raízes para criar uma voz própria. O resultado são três canções que abrem mão de qualquer pretensão retrô ou ansiedade contemporânea. O músico se guia pela própria guitarra para criar divisões rítmicas e questionamentos líricos.
Não há respostas definitivas em “Balanço Oculto, Vol. II”. Em “Fora do alcance”, Compay provoca: “Imagina você querendo falar comigo / Querendo entender, especulando um sentido”, seguida pela interrogação que surge em “O que chega agora estava aqui”: “Uma época se consome / O que há de novo no horizonte?”, concluindo em “Eles caminham entre nós” com “Que perigo é esse? / Que beleza é essa?”, um fim que questiona o próprio sentido de finitude.
Assim como NINGUÉM se faz alguém no novo cenário alternativo carioca, “Balanço Oculto, Vol. II” é uma declaração de presença notória e de maturidade palpável de um compositor que evolui sua estética musical a cada lançamento. O novo álbum está disponível nas principais plataformas de música.