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Com clipe gravado no Alto Xingu, Nativos MCs e Kandu Puri lançam “Trap Indígena”

Faixa une diferentes etnias para mostrar realidades dos povos originários

Nomes do cenário musical que saem das aldeias indígenas e das favelas, o trio Nativos MCs e o rapper Kandu Puri colaboram na faixa “Trap Indígena”. O que poderia soar inusitado se transforma em uma oportunidade de união, já que Macc JB, Urysse Kuykuro e PajéMC são da etnia Kuikuro, enquanto Kandu é Puri. O lançamento integra o projeto Voa Parente, do selo Azuruhu, cujo objetivo é dar visibilidade a projetos musicais indígenas.

O single parte da vontade de mostrar diferentes realidades dos povos originários. Com “Trap Indígena”, os artistas buscam dar forma aos efeitos da colonização presentes até hoje, seja na aldeia, na cidade ou nas favelas, onde muitos indígenas passaram a residir como consequência de sua exclusão social. “Essa música mostra como nós resistimos à colonização de diferentes formas para preservar nossos idiomas e territórios. Seja onde for, todo o Brasil é terra indígena”, resumem os Nativos MCs.

A nova faixa vem na sequência de “Tente Entender” e “Sou Kuikuro”, os dois primeiros singles dos Nativos MCs. O projeto surgiu na Aldeia Afukuri, localizada no Alto Xingu (MT), onde foi gravado o clipe de “Trap Indígena”. Macc JB, Urysse Kuykuro e PajéMC mostram a cultura e a realidade e defendem seu território e tradição por meio da música. A língua Kuikuro se funde ao Português em uma proposta de ampliar o discurso político do grupo e usar a arte como agente transformador na luta por direitos. O povo Kuikuro lida com constantes violências como desmatamento, poluição, queimadas, invasões, envenenamento da terra e da água, e todas essas questões surgem nas letras dos Nativos MCs.  

“A inspiração nas letras é para trazer um olhar para essas questões e a atenção para os temas que nos afetam e que a sociedade brasileira não tem noção. Devido a uma educação em bases coloniais, a população é educada sem saber nada sobre as verdadeiras realidades e a diversidade indígena no país. A cultura se mantém viva dentro do território, e também resiste em todos os espaços, em tradições e práticas diárias. Assim, unidos e fortes para continuar existindo, tendo forças para as lutas, o nosso compromisso enquanto povos indígenas é de defender nossas terras e a biodiversidade”, conta o grupo.

Os singles dos Nativos MCs são o primeiro passo de Voa Parente, do selo Azuruhu. O projeto consiste em trocas entre jovens artistas de diferentes etnias indígenas por todo o país, sobre os caminhos na arte e na música, gerando incentivo e autoestima. Indígenas favelados estão proporcionando  as ferramentas para gravação, produção musical e audiovisual para outros grupos e artistas indígenas que estão surgindo na cena musical que vivem também em outras realidades, seja nas aldeias ou nas cidades. Recentemente, o selo lançou o primeiro álbum: “Kwahary Tazyr”, de Kaê Guajajara, vencedora do Prêmio Arcanjo de Cultura 2021.

“Trap Indígena”, “Sou Kuikuro” e “Tente Entender” estão disponíveis nas principais plataformas de música.

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