Teatro do Incêndio estreia Dois Perdidos Numa Noite Suja e celebra 90 anos de nascimento de Plínio Marcos
ELIANE VERBENA / VERBENA ASSESSORIA
12/09/2025 17h49 - Atualizado há 9 horas
Foto de Kym Kobaiashi
No dia 29 de setembro, data em que o dramaturgo paulista Plínio Marcos (1935-1999) faria 90 anos, a Companhia Teatro do Incêndio estreia a peça Dois Perdidos Numa Noite Suja, considerada uma das obras primas do autor. O diretor Marcelo Marcus Fonseca, que também está no elenco ao lado de André Pottes, leva ao palco uma encenação árida desse clássico do teatro brasileiro. A temporada segue até o dia 3 de novembro de 2025, com sessões sábados, domingos e segundas, às 20h.
A trama mostra a convivência forçada entre dois homens em um quarto imundo de pensão, o que gera uma tensão crescente, levando-os a atitudes violentas e a decisões radicais para se livrarem de seus destinos traçados pela condição social. Tonho (Pottes) e Paco (Fonseca) vivem uma relação mergulhada numa interdependência causada pelo aprisionamento de ambos à condição de subtrabalhadores informais, que carregam caixas no mercado à espera de alguma oportunidade melhor. Tonho, que veio do interior e conta com instrução, viu-se perdido na cidade enquanto seu calçado estragou. Ele culpa essa situação por não conseguir um bom emprego. Paco, semianalfabeto e a um passo da marginalidade, um músico que teve sua flauta roubada em uma bebedeira, ostenta um sapato novo que ganhou, exasperando o companheiro. Paco busca aprender outro instrumento, mas já se encontra conformado com a vida que leva.
A cenografia (Marcelo Marcus Fonseca e Dan Maaz) é composta por estrados de camas sem colchões com toques arte urbana na sua estrutura, que estão situados distantes um do outro em um palco coberto de terra. Nesse espaço claustrofóbico, as figuras de Paco e Tonho habitam o vazio como se estivesse perdidos em um universo onírico, em um mundo já devastado e despojado de toda nuance ou humanidade: a imagética do texto está no cenário, nas figuras maquiadas com seus figurinos opacos de estética simbolista (criados por Sabrina Sartori).
Sem cores, e fria, a iluminação (Rodrigo Sawl) sugere a falta de paredes no entorno dessas personagens como em um universo aberto, mesmo assim claustrofóbico. A luz recai sobre aqueles que estão distantes, pequenos, sem portas. Dentro desse quadro, o jogo da atuação e os objetos essenciais constroem a narrativa clássica de Plínio Marcos, apresentado uma plasticidade de estranheza com elementos brechtianos de distanciamento crítico, sutilmente esculpidos na encenação e no trabalho corporal preciso dos atores. A música ao vivo (direção musical de André Pereira Lindenberg - Dedéco), conduzida por percussão (Dedéco) e baixo elétrico (Xantilee Jesus) se estabelece em um “som do vazio”, numa tensão crescente que carrega as personagens a seus trágicos e inevitáveis destinos.
A encenação coloca o texto em primeiro plano, antes mesmo da emoção. Trata-se de uma leitura estética da obra de Plínio, não uma mera reprodução da realidade. “Infelizmente Plínio Marcos é uma realidade. No teatro toda realidade é amplificada ao patamar do mito. É na arena, no palco que a palavra recupera seu sentido original, sua potência e seu peso. Como dizia o próprio autor: ‘Eu estou aqui pra encher o saco de quem tá achando que tá tudo muito bom’”, finaliza Marcelo Marcus Fonseca.
Dois Perdidos Numa Noite Suja integra o projeto Aumentar É Aumentar-se, que deu início às comemorações dos 30 anos de trajetória que a Companhia Teatro do Incêndio completa em 2026, agora com toda a sua programação sob gestão da Colmeia Produções. Este projeto foi contemplado no Edital Fomento CULTSP PNAB Nº 38/2024 Manutenção e Modernização de Espaços Culturais - ProAC, Programa de Ação Cultural, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.
FICHA TÉCNICA - Texto: Plínio Marcos. Direção: Marcelo Marcus Fonseca. Elenco: André Pottes e Marcelo Marcus Fonseca. Direção musical: André Pereira Lindenberg (Dedéco). Direção de produção: Vanda Dantas. Iluminação: Rodrigo Sawl. Figurino: Alison Falconeres. Cenografia: Marcelo Marcus Fonseca e Dan Maaz. Músicos: André Pereira Lindenberg - Dedéco (percussão) e Xantilee Jesus (baixo elétrico). Assistência de direção: Amy Campos, Lívia Melo e Mariana Peixoto. Fotos: Bob Sousa e Kym Kobaiashi. Mídias sociais: Amy Campos e Anna Bia Viana. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Idealização: Cia. Teatro do Incêndio. Coordenação administrativa e gestão cultural: Colmeia Produções. Vivência Artística: Anna Bia Viana, Ana Ferrari, Dan Maaz, Giovanna Garcia, Giullia de Láuro, Kyla, Laura Morena, Mariana Peixoto e Rafaela Yamamoto. Projeto: Aumentar É Aumentar-se - Edital Fomento CULTSP PNAB Nº 38/2024 Manutenção e Modernização de Espaços Culturais - ProAC, Programa de Ação Cultural, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.
Espetáculo:
Dois Perdidos Numa Noite Suja De 29 de setembro a 3 de novembro/2025 - Sábado, domingo e segunda, às 20h
Ingressos: R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia-entrada)
Vendas online: Sympla - Bilheteria: 1h antes das sessões.
Duração: 90 min. Classificação: 16 anos. Gênero: Drama. Capacidade: 80 lugares.
Teatro do Incêndio Rua Treze de maio, 48 - Bela Vista. São Paulo/SP.
Na rede: @teatrodoincendiooficial.
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ELIANE DE FATIMA GARCIA VERBENA E OLIVEIRA
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FONTE: https://verbenacomunicacao.blogspot.com/2025/09/teatro-do-incendio-estreia-dois.html