Comunicação Regenerativa é a melhor estratégia para a polarização política contemporânea
A Comunicação Regenerativa surge não como uma alternativa, mas como uma necessidade urgente
RENATO LISBOA
11/09/2025 18h27 - Atualizado há 4 horas
Editora Lisboa
Em um cenário político marcado por antagonismos e enfrentamentos de narrativas cada vez mais radicalizadas, a Comunicação Regenerativa surge não como uma alternativa, mas como uma necessidade urgente. Segundo o neuropsicanalista Renato Lisboa, "estamos testemunhando a falência dos modelos comunicacionais tradicionais, que privilegiam o embate em detrimento do entendimento". Esta abordagem inovadora propõe uma reformulação completa das interações no espaço público, posicionando a qualidade do diálogo como fundamento para a reconstrução do tecido social fragilizado pela polarização ideológica. O neuropsicanalista explica que, do ponto de vista neurocientífico, a comunicação polarizadora ativa mecanismos primitivos de defesa no cérebro, impedindo o processamento racional de informações. "Quando nos comunicamos através de ataques e defensivas, ativamos a amígdala cerebral, responsável pelas reações de luta e fuga. Isso literalmente impede o córtex pré-frontal, área da razão e do diálogo, de funcionar adequadamente", afirma Lisboa. A Comunicação Regenerativa, por outro lado, propõe estratégias que acionam os sistemas de conexão e empatia, criando condições neurobiológicas para o diálogo produtivo. Um exemplo prático e elucidativo desta abordagem pode ser observado no tratamento de temas políticos. Enquanto o padrão comunicacional atual incentiva a busca por "vencedores" e "perdedores" em cada debate, a comunicação regenerativa propõe círculos de diálogo onde todas as vozes são ouvidas sem julgamento prévio. Na prática, isso significa substituir os embates televisivos, focados em pegadinhas retóricas e discursos pré-fabricados, por espaços onde os participantes praticam a escuta profunda antes de responder. Outras práticas incluem a validação das emoções por trás das posições políticas - reconhecer o medo, a frustração ou a esperança que alimenta determinadas visões de mundo -, o que não significa concordar com as posições, mas compreender suas origens emocionais. Lisboa destaca também a técnica de reformulação das perguntas: em vez de "por que você defende essa ideia errada?", perguntar "que experiência de vida levou você a esta conclusão?". Essa simples mudança no cerne da pergunta transforma o debate de um embate ideológico em uma troca de experiências humanas. A aplicação desses princípios no ambiente político mostra resultados mensuráveis. Lisboa cita casos em que mediadores treinados em comunicação regenerativa conseguiram facilitar diálogos entre grupos políticos antagônicos: "O que observamos é uma redução significativa nos níveis de cortisol (hormônio do estresse) nos participantes e um aumento na oxitocina (hormônio relacionado à confiança e vinculação). Neurofisiologicamente, criamos condições para que visões diferentes possam coexistir sem que isso represente uma ameaça existencial". Esta mudança biológica corresponde a uma transformação na qualidade do debate público, onde o foco se desloca da demonização do outro para a construção de entendimentos comuns. Para Renato Lisboa, a implementação desta abordagem requer uma ruptura com a lógica espetacularizada que domina a comunicação política atual. "Precisamos de líderes corajosos o suficiente para abandonar a linguagem do confronto e adotar a complexidade do diálogo genuíno. Isso não significa renunciar a convicções, mas sim reconhecer que a verdadeira força está na capacidade de construir pontes, não trincheiras". A Comunicação Regenerativa se apresenta, assim, não como uma técnica paliativa, mas como um caminho transformador para restaurar a saúde do debate democrático, substituindo a gramática do conflito pela sintaxe da compreensão mútua. Num contexto de radicalização crescente, esta pode ser a ferramenta mais revolucionária para reinventar nossa capacidade de viver juntos na diferença. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
RENATO DOS SANTOS LISBOA
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FONTE: Editora Lisboa