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Sociologia no Enem: saiba como a disciplina cai na prova e dicas de estudo

Entenda a estrutura das questões, os principais temas cobrados e veja dicas de preparação para garantir seu melhor desempenho

VAGNER LIMA
09/09/2025 11h25 - Atualizado há 7 horas
Sociologia no Enem: saiba como a disciplina cai na prova e dicas de estudo
Freepik
A sociologia integra o Exame Nacional do Ensino Médio na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Em média, o exame traz todos os anos de quatro a cinco questões relacionadas à disciplina. Parece pouco, mas acertá-las pode fazer a diferença na pontuação final e na tão buscada bolsa de estudos ou aprovação na universidade dos sonhos.

A sociologia no Enem exige compreensão conceitual específica, além de ser interdisciplinar, relacionando conteúdos com a história e a geografia, por exemplo. Predominantemente, as perguntas abordem discussões contemporâneas, sem deixar de dialogar com pensadores clássicos da área.

“No Enem, o estudante precisa ler o enunciado com atenção, pois muitas questões partem de um contexto atual, mas pedem que você relacione tais situações a autores como Émile Durkheim, Karl Marx ou Max Weber. A capacidade de conectar teoria e prática é fundamental para responder com propriedade”, afirma José Henrique Santanna Porto, professor de sociologia da Escola Bilíngue Aubrick, de São Paulo/SP.

Assuntos de sociologia que mais caem na prova

A professora de sociologia da Escola Internacional de Alphaville, de Barueri/SP, Talyta Pondé, elenca, abaixo, os temas que mais costumam aparecer no exame.

Cultura e identidade: como valores, símbolos e práticas que definem a construção de grupos sociais e sua expressão cultural;

Estratificação social e desigualdade: de que forma a distribuição de recursos e poder na sociedade gera diferenças de classe e status;

Movimentos sociais: como os grupos se organizam coletivamente em prol de mudanças políticas, sociais ou culturais;

Trabalho e organização social: relações de produção, divisão do trabalho e transformação das dinâmicas laborais na sociedade;

Poder e Estado: como funcionam as estruturas de autoridade, legitimidade e mecanismos de controle social;

Diversidade e gênero: construções sociais de gênero, sexualidade e as lutas por igualdade e reconhecimento de identidades;

Raça e etnia: questões raciais e étnicas, seus impactos históricos e contemporâneos na exclusão e resistência;

Globalização e sociedade da informação: interdependência global e o papel das tecnologias na circulação de informações e na formação de redes sociais.

Para se destacar em sociologia do Enem, segundo a professora Talyta, é essencial compreender não apenas as ideias centrais de autores clássicos, como Sérgio Buarque de Hollanda e Bauman, como autores de referência.

"Esses autores oferecem ferramentas teóricas poderosas para analisar fenômenos sociais atuais. Durkheim nos ajuda a entender a coesão social e os mecanismos que sustentam a ordem coletiva; Sérgio Buarque de Holanda, ao refletir sobre a formação histórica e cultural do Brasil, especialmente com a noção do ‘homem cordial’, permite compreender como traços culturais e relações pessoais influenciam a vida política e institucional; já Bauman, com sua noção de ‘modernidade líquida’, ilumina os desafios do mundo contemporâneo, caracterizado por relações mais frágeis, instabilidade nas instituições e mudanças constantes nas formas de vínculo social. Conhecer as teorias centrais de cada pensador e relacioná-las a exemplos práticos ajuda o aluno a identificar padrões e argumentos nas questões do exame".

Dicas para estudar e gabaritar

O professor de sociologia do Brazilian International School – BIS, de São Paulo/SP, Caio Leite, recomenda que os candidatos invistam na interpretação dos textos verbais e não verbais da prova, bem como desenvolvam competências relacionadas à reflexão crítica sobre temas como democracia, cidadania e direitos humanos.

Além disso, destaca que: “Os temas das propostas de redação do Enem geralmente fazem algum recorte de um fenômeno social da realidade brasileira e exigem que o/a estudante disserte sobre ele com vasto repertório e indique uma proposta de intervenção a partir de políticas públicas”.

Outras dicas de preparação, segundo o professor do BIS, incluem:
  • Retome os principais conceitos de sociólogos brasileiros como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Caio Prado Jr e Sérgio Buarque de Holanda;
  • Temas como raça, etnia, sexo e gênero, relações de trabalho, religiosidade e Inteligência Artificial são fenômenos importantes na sociedade brasileira contemporânea e tendem a aparecer na prova;
  • A partir de setembro, intensifique seu ciclo de revisões, investindo tempo de qualidade em resolução de questões;
  • Durante a resolução das questões, treine a justificativa de cada assertiva, destacando o erro ou o distrator apresentado que invalida as alternativas erradas.
  • Aproprie-se de um bom e fundamentado repertório teórico dos autores da sociologia para citá-los ao longo da sua redação de acordo com o tema apresentado.
O que pode cair na prova deste ano?

Com base nos principais temas em debate na mídia no primeiro semestre de 2025, três assuntos merecem atenção especial do estudante, e poderão ser abordados no Enem deste ano, segundo Ricardo Bogoni, professor de sociologia do colégio Progresso Bilíngue, de Itu/SP.

Onda conservadora: com a ascensão de políticos de direita e extrema direita em países considerados potências econômicas, grandes empresas internacionais têm anunciado o fim ou redução de programas e políticas de diversidade. Aliado a isso, têm aumentado o número de jovens que se autodeclaram conservadores, o que contribui para o enfraquecimento da chamada cultura “woke” - movimento sociocultural que promove a conscientização e o combate a injustiças sociais, como o racismo, sexismo e outras formasde opressão e preconceito.

Novas dinâmicas do trabalho: com uma população mais longeva, o futuro parece incerto paraas novas gerações, que têm questionado o sentido e o modelo de trabalho da atualidade; muito por conta da alta informalidade no mercado de trabalho e o aumento de contratações sem vínculo, refletindo sobre o futuro do emprego e de uma aposentadoria tranquila na velhice.

Novas gerações: comportamentos de nativos digitais e suas reivindicações no mercado de trabalho levantam discussões e críticas de empresas e empregadores, muitas vezes contrastantes aos valores de gerações anteriores, motivando choques geracionais.

“Esses temas refletem debates atuais da sociedade e têm grande potencial de aparecer na prova, além de dialogarem diretamente com conceitos sociológicos clássicos e contemporâneos. Quando o estudante consegue relacionar esses fenômenos a teorias estudadas em sala de aula e embasá-los com dados concretos, tende a se destacar na resolução das questões”, finaliza Ricardo.

O Enem

A prova foi criada pelo Ministério da Educação em 1998, para avaliar o desempenho dos estudantes brasileiros ao final da educação básica. Com o passar dos anos, o Enem teve sua metodologia aperfeiçoada e atualmente é requisito obrigatório para acesso a programas educacionais como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Este ano, as provas serão aplicadas nos dias 09 e 16 de novembro, dois domingos seguidos. No primeiro dia de prova, os alunos realizarão as questões das áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (compreende Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira/Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação) e Redação; e Ciências Humanas e suas Tecnologias (compreende História, Geografia, Filosofia e Sociologia).

No segundo dia, as provas serão de Ciências da Natureza e suas Tecnologias (compreende Química, Física e Biologia) e Matemática e suas Tecnologias. O certame registrou mais de 5,5 milhões de inscrições, de acordo com o Ministério da Educação – número que supera a edição anterior de 2024, com aumento de 8% no número de inscritos.

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VAGNER ADACIANO DE LIMA
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FONTE: FSB Comunicação
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