No próximo dia 6 de setembro, o Galpão Pátria Livre inaugura oficialmente o Ponto de Cultura, na Pedreira Prado Lopes, após a conclusão da reforma do telhado. O evento de lançamento marca a retomada das atividades culturais junto à comunidade, e será, também, um marco das apresentações de artistas locais e parceiros do Ponto de Cultura Pátria Livre.
A conquista é fruto de um processo de nove anos de ocupação, resistência e produção cultural no espaço que desde 2023 vem garimpando, junto ao Diroxa, meios de tornar oficiais as práticas culturais desenvolvidas na região.
“Este não é apenas um galpão reformado. É um território que, após anos de luta, conquistou o direito de existir oficialmente como espaço cultural. O Diroxa\lab nasceu para fazer esse trabalho invisível: Possibilitar as expressões artitícas-culturais em espaços antagônicos, desdobrar a arte de favela em políticas públicas, bem como deslocar o entendimento de ocupações urbanas e favelas no imaginário brasileiro. Hoje, entregamos à Prefeitura de Belo Horizonte e ao Estado um modelo de ocupação cultural que é moderno, sustentável e profundamente enraizado”, afirma Camila Oliveira , idealizadora do projeto.
O Ponto de Cultura Pátria Livre, situado no coração da Pedreira Prado Lopes, já funciona como centro de produção cultural desde 2016, oferecendo oficinas gratuitas de dança, percussão, audiovisual, graffiti e formação artística. Além de constituir diversas parcerias e possibilitar inúmeros projetos culturais aqui já realizados em prol da criação e autonomia, promovendo também a apropriação da cultura pelos moradores da comunidade. No entanto, a ausência de infraestrutura adequada — especialmente o telhado em estado de interferências avançadas — colocava em risco a continuidade das atividades e a segurança de quem nele circula.
A aprovação do projeto de Reforma do Ponto de Cultura Pátria Livre em edital público da Fundação Municipal de Cultura permitiu não apenas uma reforma estrutural completa do telhado, mas também a consolidação de um modelo de gestão coletiva, bem como a manutenção de oficinas de arte e cultura de forma permanente. A conquista do Ponto de Cultura não é apenas uma vitória institucional, mas um ato de reexistência territorial em uma região marcada pela especulação imobiliária e pelo desligamento simbólico.
Um território de memória e resistência
A Pedreira Prado Lopes é a favela mais antiga de Belo Horizonte, fundada por operários que vieram do interior de Minas para construir uma nova capital. Fruto do antagonismo da Av do Contorno, no descontorno é que se regionaliza a região berço do samba e do carnaval na cidade. Sua história é marcada pela solidariedade e expressões de arte popular.
Apesar disso, o território ainda enfrenta especulação imobiliária, imóveis ociosos e negação de direitos. Nesse contexto, o Galpão Pátria Livre se afirma como um espaço de resistência e autogestão, onde já foram realizadas diversas ações em prol da comunidade, a exemplo das distribuição de cestas básicas e diversas refeições que se acentuaram no período pandêmico.
Reconhecido por editais da Lei Paulo Gustavo (BH e MG) e pelo Prêmio Culturas Populares Sérgio Mamberti, o projeto Diroxa fortalece a estratégia do Pátria Livre de consolidar um circuito autônomo e sustentável de cultura popular e periférica na região. A iniciativa também busca ampliar redes de articulação local, fomentar a economia solidária em parceria com a cozinha das mulheres da ocupação e reafirmar o território como espaço legítimo de produção cultural.
A programação foi pensada para ser acessível e inclusiva, reafirmando o compromisso com a diversidade de corpos, vozes e linguagens. A entrada é solidária, ou seja, cada participante deve contribuir com 1 kg de alimento não perecível ou algum objeto de material escolar. Os alimentos arrecadados serão destinados a pessoas em situação de vulnerabilidade, e os materiais escolares doados a estudantes da Ocupação Culturais Pátria Livre.
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ICARO ALISSON ROSA AMBROSIO
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