A 24ª edição do Prêmio José Tardivo, que reconhece a transportadora com melhor desempenho em segurança, consagrou a Ceslog como vencedora em 2025, coroando um dia de intensos debates sobre segurança, inovação e perspectivas econômicas no Encontro Anual de Distribuição e Transporte Seguro da Indústria de Cloro-Álcalis, realizado na quarta-feira (8), no Blue Tree Premium Morumbi, em São Paulo. O evento, promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), reuniu mais de 170 participantes entre empresários, especialistas e representantes da cadeia de transporte e produção de produtos químicos.
Sergio Sukadolnick, representante da Ceslog Logística comentou a conquista: “O prêmio José Tardivo é uma tradição para o grupo Ceslog, que nos faz pensar em novos desafios: o que vamos fazer no ano que vem para suplantar o que já fizemos esse ano? Vamos procurar melhorar alguns pontos, porque tivemos uma boa nota, mas já tivemos nota próxima de cem por cento em anos anteriores. A busca constante pela melhoria é um fator, assim como participar dos eventos da Abiclor, da missão de manuseio e transporte e das comissões correlatas.”
Os Prêmios de Melhoria Contínua ficaram com Grupo Borelli, no segundo lugar, e Sidren em terceiro. O Top 10 do ranking incluiu ainda Bauminas Log, Duplaquímica, José Herculano, Projesan Logística, Seda Transporte, Sidren Transportes, Trans Mra Lima e Trelsa Logística.
"Este é um momento de celebração que reúne produtor, distribuidor e transportador para discutir questões fundamentais de segurança”, comenta Nelson Felipe Junior, presidente executivo interino da Abiclor. “É essencial produzir bem, transportar bem e consumir bem. Fechamos com chave de ouro, reconhecendo as transportadoras referência em segurança, que são pilares fundamentais para toda a cadeia de cloro-álcalis."
Durante a cerimônia, Martim Afonso Penna, ex-diretor executivo da Abiclor e da Clorosur, e ex-secretário executivo do Sinalcalis, foi homenageado com o Prêmio Destaque, em reconhecimento à sua trajetória e às relevantes contribuições para o fortalecimento da segurança e da integração regional da indústria de cloro-álcalis.
Engenheiro eletricista formado pela Universidade de Engenharia Mauá, com especializações em Administração de Empresas, Martim esteve à frente das entidades por mais de duas décadas, deixando um legado marcado pelo compromisso com o desenvolvimento sustentável, o avanço técnico e a cooperação entre os diferentes elos do setor no Brasil e na América Latina.
Segurança em debate
O Coronel Aviador da FAB, Silvio Monteiro Junior, com experiência de mais de 35 anos em busca e salvamento, destacou o sucesso da aviação na redução de acidentes, mesmo diante do aumento do tráfego aéreo global. Segundo o Coronel, isso é um indicativo de que a indústria é extremamente focada em segurança.
Monteiro Junior enfatizou que a segurança vai além da investigação de grandes tragédias midiáticas. "Não estou preocupado em saber de quem é a responsabilização, essa deixo para a investigação policial," afirmou, destacando que a investigação de acidentes aéreos tem como foco principal entender o que aconteceu, compartilhando conhecimento e definindo ações recomendadas para evitar novos eventos. "É esse tipo de procedimento que leva à indústria a alcançar maturidade de aprender com os próprios acidentes," explicou.
O especialista defendeu que incidentes — pequenas falhas ou quase acidentes — devem ser analisados e suas informações compartilhadas com total transparência. Além disso, reforçou a necessidade de mais simulados e treinamentos de acidentes em condições adversas e que todos os profissionais tenham "liberdade para reportar incidentes".
Na mesma linha de prevenção, Rubem Penteado Melo, diretor da Anjo Tecnologia e especialista em prevenção de acidentes rodoviários, compartilhou sua experiência com Incêndios em Transporte Rodoviário. Ele citou diversos casos que têm origem na falta de manutenção básica ou em reparos realizados de forma inadequada, muitas vezes com ferramentas e recursos improvisados, tornando as frotas propensas a riscos graves.
Fechando o debate, Gislaine Zorzin, Grupo Cesari e ABLT, chamou a atenção para o fator humano na prevenção de acidentes. O tempo de carga e descarga pode chegar a 6h para o motorista de caminhão e, muitas vezes, já chega ao destino final com a jornada estourada. Comentou que há lugares para estacionar que não oferecem o conforto e o bem-estar adequados pois carecem de estrutura, sem banheiros e alimentação . “Se a gente não se comove com o desconforto do outro, temos que atentar para o custo disso”, reforçando que questões psicológicas como tensão, cansaço e estresse contam como fatores de risco. “O motorista de caminhão é aquele que, em tese, atrapalha todo mundo. Em cima disso, o profissional acaba absorvendo toda essa tensão. É preciso levar em consideração o conjunto de demandas e reclamações dessa classe.”
Desafios de mercado de cloro-álcalis
Beatriz Lima, representante da South America Associate Director Chlor-alkali Markets and Bleaching Chemical, detalhou as tendências dos mercados de cloro e soda cáustica. "A indústria de cloro, por estar muito relacionada à construção, sofre maior impacto das flutuações econômicas," disse, enfatizando os altos preços nos EUA e na China na área de construção. Por outro lado, a soda cáustica "se recupera mais rapidamente, por estar mais vinculada à indústria de manufatura – por isso este setor deve se recuperar primeiro.
No contexto de importação, a especialista destacou que a América Latina e o Brasil, em particular, possuem um déficit estrutural de soda cáustica, sendo grandes importadores para setores como papel e celulose.
Também mencionou as tarifas comerciais dos EUA: "O segmento de soda cáustica acabou sendo pouco afetado pela questão do tarifaço. " Ela relembrou que o papel e celulose brasileiro estão isentos e que recentemente as tarifas para algumas frentes de celulose, que estavam em 10%, "reduziram para zero, principalmente a parte de hardwood, pois o país depende muito da nossa celulose."
Investimentos, inovação e IA
Flávio Moraes da Mota, da área de Desenvolvimento Produtivo e Inovação e Comércio do Exterior no BNDES, reforçou a importância de promover uma política industrial robusta no Brasil e de apoiar o fortalecimento da indústria de base. Mota citou dados do FMI, que indicam a implementação de 2.500 medidas de política industrial globalmente desde 2019, somando 7 trilhões de dólares.
O executivo comparou o investimento brasileiro em inovação (apenas 1,2% do PIB) com o de economias avançadas como Coreia do Sul, Japão e Israel, que investem mais de 3%. "Há uma correlação direta entre o sucesso dos países com investimentos em inovação," observou. Falou ainda sobre a Nova Indústria Brasil e o Plano Mais Produção como vetores dessa retomada, que têm como objetivo injetar R$ 600 bilhões na indústria em quatro anos, dos quais R$ 300 bilhões virão do BNDES (com R$ 225 bilhões já executados). Ele classificou o montante como um investimento elevado, porém, ainda aquém das economias avançadas. O objetivo é claro: "A gente busca fazer um parque industrial mais digital, mais inovador, mais verde e mais produtivo." Mota ainda mencionou o Fundo Clima, que apoia a indústria verde com um orçamento de R$ 300 a R$ 500 milhões para projetos de redução de emissão de gases de efeito estufa.
Néstor Gómez Alcorta, Presidente do Conselho Deliberativo da CLOROSUR (Associação de Cloro e Álcalis da América Latina e Caribe), focou na Inteligência Artificial (IA) na Indústria e no futuro do cloro. Reforçou que a IA terá um impacto imenso para redesenhar processos, aprimorar a infraestrutura e otimizar o uso de energia limpa. Alcorta vislumbra uma transformação fundamental: "O cloro deixará de ser commodity para se tornar ‘smart chemical’."
Sobre a Abiclor
A Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor) representa o setor de cloro-álcalis, que é a indústria base de diversos produtos essenciais para a economia, além de estar diretamente ligada ao saneamento básico e à saúde pública do país. Com 49 associados, incluindo 7 do setor produtivo, a Abiclor reúne algumas das principais plantas produtoras do Brasil, entre elas, Braskem, Chemtrade, Chlorum Solutions, Dow Brasil, Katrium e Unipar e também espelha outros elos da cadeia, como fornecedores de equipamentos, distribuidores, transportadores e empresas de atendimento emergencial. A Abiclor atua para promover o avanço da indústria de cloro-álcalis em linha com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU, com foco na segurança e respeito às pessoas e ao meio ambiente. Mais informações em https://www.abiclor.com.br/.
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