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Dia das Crianças pede mais presença e menos presentes eletrônicos

Pesquisadora mineira, Júnia Carvalhar, revela em sua tese de doutorado como o consumo excessivo de celulares e tablets agrava problemas cognitivos, físicos, sociais e emocionais

Bendita Letra
06/10/2025 16h11 - Atualizado há 3 horas
Dia das Crianças pede mais presença e menos presentes eletrônicos
Arquivo Pessoal/Divulgação

Tablets, celulares e videogames lideram as listas de presentes mais desejados pelas crianças neste Dia das Crianças. Nas lojas, a promessa é de "diversão garantida" e "sossego para os pais". Porém, uma pesquisa inédita revela que esse "presente" pode custar caro ao desenvolvimento infantil. O estudo comprova cientificamente que, o consumo das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) potencializam as vulnerabilidades já existentes nas crianças e impactam no bem-estar familiar. 

A pesquisa, conduzida pela professora e pesquisadora Júnia Carvalhar em sua tese de doutorado, demonstra que o consumo de tecnologia digital por crianças na primeira infância (até seis anos) trazem impactos negativos para os aspectos cognitivos, sociais, físicos e emocionais dos pequenos, gerando  dificuldades de sono, menor interação social, crises de abstinência, problemas de desenvolvimento em diversas instâncias, dentre outros. 

"O consumo da tecnologia atua intensificando fragilidades que já são próprias da criança, e isso começa bem cedo, diferentemente do que muitos acreditam. E quanto mais precoce o acesso às TDICs, mais consequências negativas trará", explica a pesquisadora. O estudo documentou casos de crianças que se machucam durante crises de abstinência, que não conseguem gerenciar a frustração quando o acesso é negado, que criam dependência do uso da tecnologia para as necessidades básicas, como ir ao banheiro, comer e dormir, e que se isolam antes, durante e após o consumo das telas.

O "sossego" que os pais buscam tem preço alto

A pesquisa revela que, por trás da escolha por presentes eletrônicos, está a busca dos pais por algo que “facilite” o cumprimento da rotina diária da família. "Sabemos que a rotina de muitas famílias envolve trabalhar e, concomitantemente, cuidar dos filhos. E, para que consigam lidar com os desafios diários que esse cenário impõe, os responsáveis oferecem a tecnologia às crianças como forma de resolver a situação. Mas, ao fazer isso, as famílias se concentram no bem-estar imediato que a tela proporciona, sem pensar nas consequências para o desenvolvimento da criança a médio e longo prazos", detalha Júnia.

“O resultado é um ciclo vicioso que se intensifica após datas como o Dia das Crianças: o alívio rápido se transforma em mal-estar, gerando dependência. A criança pede mais tempo de tela, os pais cedem para ter paz, mas isso também tira a paz no momento em que precisam retirar a tecnologia, e o problema se agrava”, complementa.

Um Dia das Crianças diferente

Diante desses achados, Júnia Carvalhar criou o projeto "Enquanto é Tempo", que tem como propósito sensibilizar famílias, escolas, empresas e comunidades para refletirem sobre o lugar das tecnologias digitais na vida das crianças e construírem, juntos, caminhos para um futuro mais humano. "É possível fazer algo enquanto é tempo, ou seja, enquanto a criança ainda está na primeira infância, Depois, o vício já está instalado e o caminho é muito mais difícil”, ressalta.

Para este Dia das Crianças, o projeto sugere uma abordagem diferente: em vez de mais dispositivos eletrônicos, oferecer mais presença. "Cada minuto vivido diante das telas é um tempo a menos de presença, afeto e descobertas. O convite é para que os adultos se reconectarem com o que realmente importa", propõe Júnia. “Há anos estudo sobre o consumo e os seus impactos na vida dos indivíduos. Mas além de pesquisadora, também sou mãe. Conheço parte dos desafios diários, mas é preciso lembrar que qualquer movimento que fizermos para um consumo mais consciente das TDICs, já fará diferença na vida das crianças. Mudar comportamento e criar novos hábitos demanda dedicação e exemplo”. 

A proposta não é excluir a tecnologia, mas posicioná-la como ferramenta e não como protagonista. "Quando os adultos aprendem a equilibrar o consumo do digital, são as crianças que ganham. A ideia é instruir para proteger", conclui a pesquisadora.

Neste Dia das Crianças, a mensagem é clara: o melhor presente que um adulto pode dar a uma criança não está nas prateleiras das lojas de eletrônicos, mas no tempo de qualidade, no afeto e nos vínculos reais que nenhuma tela consegue substituir.

Acompanhe o trabalho da Dra. Júnia Carvalhar no Instagram: @enquantoetempo_ 


Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
MARIA JULIA HENRIQUES NASCIMENTO
[email protected]


FONTE: Dra. Júnia Carvalhar — Pesquisadora | Doutora em Administração com foco em comportamento de consumo | Professora universitária há 20 anos na UNA e há 9 anos na PUC Minas
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