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Desenvolvimento de novos modelos e ecossistemas de negócios na mineração podem alavancar práticas de sustentabilidade no setor, conclui estudo da Deloitte

LILIAN SOUZA
02/10/2025 16h30 - Atualizado há 18 horas
Desenvolvimento de novos modelos e ecossistemas de negócios na mineração podem alavancar práticas de
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  • Acesso a financiamentos, adoção de inovações tecnológicas e atração de mão de obra também contribuem para acelerar compromisso de descarbonização;
  • Tendência é que empresas priorizem a geração de valores tangíveis em vez de focar em metas e classificações relacionadas à sustentabilidade;
  • Incorporação da natureza aos processos, sistemas e modelos organizacionais traz oportunidades de negócios e amplia atuação pela sustentabilidade do planeta.
As empresas de mineração e metais vivenciam um cenário de complexidade crescente para tentar equilibrar sua expansão com a gestão de riscos na cadeia de suprimentos e o avanço em práticas de sustentabilidade. Esse é o diagnóstico feito pelo estudo global ‘Tracking the Trends 2025’, realizado pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mercado.
 
O estudo verifica as dinâmicas que moldam as cadeias de suprimentos de minerais críticos, analisando como a transição energética está impulsionando uma demanda por esses materiais. A concentração de fontes globais desses minerais críticos e a maior exigência por transparência em questões ambientais, sociais e de governança estão alterando o cenário de comércio e de investimentos. 
 
Muitas empresas de mineração e metais se comprometeram a zerar suas emissões de gases de efeito estufa (carbono zero) até 2050. As mineradoras, que antes estavam focadas na preparação para o cumprimento dessas metas, agora precisam executar medidas de descarbonização, muitas ainda dependentes de pesquisas e no desenvolvimento de novas tecnologias. Essa nova etapa requer uma abordagem estratégica, porque as cadeias de suprimentos de mineração e metais estão submetidas a um cenário volátil de mudanças geopolíticas e econômicas, como as determinações de agentes reguladores ou financiadores que podem impor requisitos de conformidade de sustentabilidade. 
 
“As empresas devem traçar possíveis cenários globais, regionais e locais, bem como suas implicações para as cadeias de valor, explorar novas alianças e desenvolver a capacidade de adaptabilidade e resiliência perante os diferentes horizontes projetados. Também é fundamental que as equipes estejam preparadas para lidar com essas perspectivas”, afirma Maria Emília Peres, sócia de Estratégia com foco em transição energética e sustentabilidade.
 
Novos modelos e ecossistemas de negócios 
 
O relatório ‘Tracking the Trends 2025’ analisa que os ecossistemas de negócios na mineração terão um papel fundamental na busca de novas maneiras para operar de forma mais eficiente e sustentável em toda a cadeia de suprimentos e na entrega de valor aos mercados. Isso pode ser alcançado, em grande parte, pela simbiose industrial, em que as empresas se beneficiam mutuamente ao compartilhar recursos, informações e otimizar processos. 
 
“Pressionados pela urgência da transição energética e essencialidade dos minerais e metais para sua realização, os ecossistemas de negócios da mineração estão em transformação. As organizações devem planejar e direcionar ativamente suas colaborações e parcerias, de forma estratégica, desde a extração até o processamento de minerais e metais. Não há mais espaço para empresas que operarem de forma isolada ou com interações passivas”, destaca Maria Emília Peres.
 
Além da transformação e criação de ecossistemas, para mitigar os desafios rumo à descarbonização, o setor deve experimentar a incorporação de novos modelos de negócios. Modelos com infraestrutura de multiusuários permitem reunir expertises e recursos diversos para atingir os objetivos de forma mais rápida e com custos menores. As joint ventures e os investimentos minoritários, por exemplo, podem contribuir para integrar a cadeia de valor, diminuindo riscos de oferta e preços. Outro exemplo identificado no setor pelo estudo da Deloitte é a mineração como serviço, com a oferta de facilitação e consultoria, por exemplo, para auxiliar empresas e conselhos na avaliação de projetos por meio de simulação de cadeias de valor, além de cocriação de soluções tecnológicas.
 
Investimentos e novas tecnologias como catalisadores 
 
Para acelerar a transformação do setor e o cumprimento das metas de carbono zero, o acesso a financiamentos também será um fator decisivo. Embora os investimentos em mineração e processamento de minerais críticos estejam aumentando, a estimativa da Agência Internacional de Energia (AIE) é que, para atender a um cenário de emissões líquidas zero, são necessários US$360 bilhões a US$450 bilhões adicionais até 2030 para suprir possíveis lacunas de oferta e demanda. As mineradoras de grande porte deverão conseguir aprovações de acionistas para investimento de capital em iniciativas de descarbonização e as de portes menores terão o desafio maior de buscar apoio de instituições financeiras e investidores privados, equilibrando risco e retorno potencial.
 
A maturidade tecnológica e sua aplicabilidade também podem ser determinantes na descarbonização das operações de mineração e metais. Nesse sentido, o estudo da Deloitte aponta que é preciso avançar. A implantação de veículos elétricos e sistemas autônomos em minas, por exemplo, ainda é muito limitada. “A parceria com empresas especializadas pode acelerar a adoção de tecnologias e reduzir o custo de implementação, resultando em ganhos de produtividade e redução de emissões”, orienta Patricia Muricy, sócia-líder da Indústria de Mineração da Deloitte.As tecnologias de captura, utilização e armazenamento de carbono também são ferramentas eficazes para o manejo de emissões de gás carbônico, conforme analisa o estudo.
 
As inovações tecnológicas também são aliadas para a extensão do ciclo de vida dos metais, especialmente diante da crescente demanda por minerais críticos. Uma economia circular contribuirá para reduzir a dependência global por quantidades cada vez maiores no futuro. Tecnologias como reciclagem avançada, mineração urbana e design para circularidade permitem recuperar metais de produtos descartados, reduzindo a necessidade de extração primária. O relatório da Deloitte aponta que é importante avançar na circularidade em toda a cadeia de valor da mineração, bem como no desenvolvimento de materiais e produtos com maior durabilidade e modularidade.
 
Mão de obra e propósito para geração de valor
 
O cumprimento das metas de carbono zero exige ainda um crescimento substancial na mão de obra da indústria de extração de minerais críticos. O estudo global da Deloitte Promoting metals and mining sustainability in critical supply chains estima que são necessários cerca de 700.000 novos trabalhadores até 2030, um aumento de 88% em relação a 2022. Para suprir essa demanda, será fundamental redefinir a percepção pública sobre a mineração, principalmente junto às novas gerações, para que eles possam enxergar uma posição no setor como oportunidade de atuar diretamente na promoção da sustentabilidade do planeta. Para o engajamento dessas gerações, as empresas devem manter o diálogo contínuo com as comunidades, podendo atuar junto a escolas e outras organizações. 
 
No cenário global, apesar de alguns investidores retirarem capital de fundos relacionados à sustentabilidade, a pressão pública e regulatória sobre as empresas de mineração e metais pela adoção de práticas de sustentabilidade permanece inalterada. Para essas organizações, a sustentabilidade não é uma novidade, e sim um pilar intrínseco à sua operação e à obtenção de legitimidade social. “Uma abordagem mais estratégica, que priorize gerar valor, pode facilitar a integração da sustentabilidade na estratégia e nos objetivos de negócio, aumentando a probabilidade de alcançar não apenas os compromissos firmados, mas ainda resultados tangíveis”, explica Patrícia Muricy
 
Além disso, o estudo da Deloitte aponta que integrar os recursos naturais de forma estruturada aos processos, sistemas e modelos organizacionais pode trazer oportunidades de negócios para as empresas. Essa abordagem permite que elas descubram novos valores relevantes, diversifiquem suas fontes de financiamento e redefinam a imagem do setor. 
 
Adotar uma visão mais ampla da natureza – que não se limita à conservação da biodiversidade, mas considera também os ecossistemas e ambiente em sua totalidade –amplia o escopo das decisões de negócios. “Esse entendimento aprofunda a relação com as comunidades locais e destaca a importância da interdependência entre sociedade, meio ambiente e economia. Proteger e restaurar o meio ambiente deve ser visto como uma estratégia central, que gera oportunidades de negócios, além de agregar valor, reduzir riscos e fortalecer o compromisso social e econômico com o futuro”, analisa Patrícia Muricy.
 
Sobre a Deloitte
 
A Deloitte é a organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mercado, com cerca de 460 mil profissionais em todo o mundo, gerando impactos que realmente importam em mais de 150 países e territórios. Com base nos seus 180 anos de história, oferecemos serviços de auditoria, asseguração, consultoria, impostos e serviços relacionados para quase 90% das empresas da lista da Fortune Global 500® e milhares de outras organizações. Nossas pessoas proporcionam resultados mensuráveis e duradouros para ajudar a reforçar a confiança pública nos mercados de capitais e permitir aos clientes transformar e prosperar, e lideram o caminho para uma economia mais forte, uma sociedade mais equitativa e um mundo sustentável. No Brasil, onde atua desde 1911, a Deloitte é líder de mercado, com mais de 7.000 profissionais e operações em todo o território nacional, a partir de 18 escritórios. Para mais informações, acesse: www.deloitte.com.br.
 
A Deloitte refere-se a uma ou mais empresas da Deloitte Touche Tohmatsu Limited (“DTTL”), sua rede global de firmas-membro e suas entidades relacionadas (coletivamente, a “organização Deloitte”). A DTTL (também chamada de “Deloitte Global”) e cada uma de suas firmas-membro e entidades relacionadas são legalmente separadas e independentes, que não podem se obrigar ou se vincular mutuamente em relação a terceiros. A DTTL, cada firma-membro da DTTL e cada entidade relacionada são responsáveis apenas por seus próprios atos e omissões, e não entre si. A DTTL não fornece serviços para clientes. Por favor, consulte www.deloitte.com/about para saber mais. 
 

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Lilian de Souza
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FONTE: Jeffrey Group
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