Conviver diariamente com dor crônica ou com as limitações progressivas impostas pela Doença de Parkinson ainda é realidade para milhares de brasileiros. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 30% da população mundial sofra com dor persistente, condição que afeta não apenas a saúde física, mas também o bem-estar social e emocional. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, mais de 250 mil pessoas vivem com Parkinson, número que tende a crescer com o envelhecimento populacional.
De acordo com a neurocirurgiã Dra. Ingra Souza, esse cenário reforça a urgência de ampliar o acesso a terapias já consolidadas em centros de referência internacionais. “A dor crônica não pode ser vista como algo com o qual o paciente deve simplesmente aprender a conviver. A neurocirurgia funcional oferece alternativas que devolvem autonomia e qualidade de vida, especialmente em casos nos quais a medicação deixa de trazer resultados”, afirma.
Entre os recursos disponíveis está a neuromodulação, técnica que regula os circuitos do sistema nervoso por meio de estímulos elétricos. O procedimento pode ser aplicado na medula espinhal, indicado para dores crônicas da coluna e neuropatias, ou diretamente no cérebro, em pacientes com Parkinson e distúrbios do movimento. “É um método minimamente invasivo, reversível e ajustado conforme a evolução de cada paciente. A programação é personalizada, como uma roupa feita sob medida”, explica a Dra. Ingra.
Outro avanço é a estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês), utilizada para modular regiões específicas do cérebro e reduzir sintomas motores do Parkinson. “Quando os medicamentos perdem eficácia, a DBS se torna um recurso fundamental. O objetivo é permitir que o paciente mantenha independência funcional e dignidade ao longo dos anos”, completa.
Para a especialista, os procedimentos não devem ser vistos como ponto final, mas como parte de um processo contínuo. “A neurocirurgia funcional precisa caminhar junto com neurologistas, fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos. A reabilitação integrada garante melhores resultados e acolhe o paciente em sua totalidade”, destaca.
Muitos pacientes chegam ao consultório acreditando que não há mais nada a ser feito. Para a Dra. Ingra, a informação e a escuta ativa fazem parte do cuidado. “Quando mostramos que existem técnicas seguras e eficazes, já transformamos a forma como o paciente enxerga sua condição. A empatia é o primeiro passo da terapêutica”, reforça.
A especialista alerta, porém, que ainda há desafios a superar. “Hoje, a neuromodulação está restrita a grandes centros. O próximo passo é democratizar esse tipo de tratamento, para que chegue a pacientes em diferentes regiões do Brasil.”
Com o envelhecimento populacional e a alta incidência de dor crônica e doenças degenerativas, a neurocirurgia funcional tende a se tornar cada vez mais central. “Os avanços tecnológicos já mostram que é possível devolver funcionalidades sem procedimentos irreversíveis. O futuro está em oferecer ciência com ética e cuidado humano”, conclui a Dra. Ingra Souza.
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PAULO NOVAIS PACHECO
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