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Fake news perigosas: fala de Trump sobre paracetamol reacende mitos sobre o autismo

Especialista alerta que declarações sem base científica alimentam desinformação, geram medo em famílias e atrapalham o acesso a informações corretas sobre o Transtorno do Espectro Autista

JúLIA BOZZETTO
24/09/2025 16h50 - Atualizado há 8 horas
Fake news perigosas: fala de Trump sobre paracetamol reacende mitos sobre o autismo
Divulgação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a protagonizar uma polêmica ao afirmar que o uso de paracetamol por gestantes poderia causar autismo em crianças. A declaração, sem respaldo científico, reacende mitos antigos que já foram amplamente desmentidos pela comunidade médica. Assim como aconteceu no passado com vacinas, a nova alegação espalha desinformação e pode trazer prejuízos reais para famílias que buscam orientações confiáveis sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

De acordo com a neuropsicopedagoga especialista em autismo Silvia Kelly Bosi, não existe evidência científica que relacione o uso de medicamentos comuns como o paracetamol ao autismo. “O autismo é uma condição que nasce com a pessoa, fortemente ligada à genética. Alegações de que um remédio, vacina ou tecnologia moderna seja responsável por causar o transtorno ignoram o que já sabemos a partir de décadas de investigação”, explica a especialista.

Nos últimos anos, diferentes teorias falsas têm circulado sobre as causas do autismo. Vacinas, metais pesados, ondas de internet e até medicamentos de uso frequente já foram apontados, sem que qualquer estudo sério comprovasse relação direta. Pelo contrário, grandes pesquisas internacionais confirmam que o TEA é uma condição de base genética, podendo sofrer influência de fatores ambientais, mas nunca de forma isolada. A ciência estima que mais de 95% dos casos estejam ligados à carga hereditária, e centenas de variantes genéticas já foram identificadas como associadas ao espectro.

O perigo de declarações como a de Trump está em desviar a atenção de medidas que realmente importam, como diagnóstico precoce, acesso a terapias baseadas em evidências e apoio educacional e social às famílias. Além disso, espalhar a ideia de que um remédio ou vacina seria o “culpado” pode gerar culpa em gestantes e enfraquecer a confiança em tratamentos médicos seguros. “Quando figuras públicas propagam informações falsas, as famílias podem ser levadas a decisões que colocam em risco a própria saúde, como evitar medicamentos necessários ou duvidar da importância da vacinação”, reforça Silvia. 

Diante da onda de desinformação, a especialista recomenda que pais e cuidadores busquem sempre fontes científicas e profissionais qualificados para esclarecer dúvidas. “O autismo não tem causa única e tampouco está ligado a produtos ou tecnologias específicas. É uma condição complexa, multifatorial, mas sobretudo genética — e merece ser tratada com responsabilidade e respeito”, finaliza a neuropsicopedagoga.


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JÚLIA KLAUS BOZZETTO
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