Essa é uma das perguntas mais constrangedoras que muitos tutores evitam fazer ao veterinário: “Meu cachorro ou gato pode sentir atração sexual por mim?”.
A dúvida surge quando os animais apresentam comportamentos como montar em braços, pernas, almofadas ou até em pessoas. Mas será que isso significa atração sexual ou desejo dirigido ao tutor?
A resposta é clara: não existe atração sexual de pets por humanos.
Cães e gatos não têm a mesma percepção de sexualidade que nós. O que chamamos de “montar” ou “ato de cruzar” muitas vezes não está relacionado ao sexo, mas a outros fatores:
Descarga de energia: comportamento comum em filhotes e animais jovens.
Excitação emocional: cães podem montar em pessoas ou objetos quando estão agitados, ansiosos ou querendo atenção.
Estresse ou frustração: em alguns casos, o ato é uma forma de aliviar tensão.
Brincadeira ou dominância social: comportamento comum em interações entre cães.
Desejo sexual real: pode acontecer em machos ou fêmeas não castrados, mas não direcionado ao tutor como indivíduo humano.
Ou seja, o que parece um “ato sexual” voltado para o tutor é, na realidade, um comportamento instintivo de descarga física e emocional.
O tutor, ao sentir seu pet “montando” em sua perna ou braços, pode interpretar como atração. Mas, na visão científica, trata-se de um instinto sem conotação afetiva ou erótica ligada ao tutor.
O risco está em humanizar demais o comportamento animal, atribuindo a eles intenções que não existem.
É importante diferenciar comportamentos ocasionais de situações que indicam problema de saúde ou bem-estar:
Normal: filhotes montando em brinquedos ou cães montando entre si durante brincadeiras.
Atenção: quando o comportamento se torna compulsivo, frequente e interfere na rotina, podendo indicar ansiedade, estresse crônico ou até doenças hormonais.
Em casos persistentes, a avaliação veterinária é fundamental.
A castração é uma das medidas mais eficazes para reduzir comportamentos de monta relacionados ao instinto sexual.
No entanto, quando o ato está ligado a ansiedade, solidão ou falta de estímulo, apenas a castração não resolve. Nesse caso, é necessário trabalhar com enriquecimento ambiental, exercícios e, em alguns casos, orientação em comportamento animal.
Vale reforçar que a relação sexual entre humanos e animais (zoofilia) é considerada abuso e maus-tratos, configurando crime no Brasil pela Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998, artigo 32).
Portanto, é fundamental que tutores entendam: animais não sentem atração sexual por humanos. Qualquer interpretação nesse sentido é fruto de uma leitura equivocada dos sinais do pet.
A convivência íntima com cães e gatos levanta dúvidas delicadas. A ciência nos mostra que pets não desenvolvem atração sexual por humanos. O que vemos são instintos naturais, descargas emocionais ou comportamentos de alívio.
Ao compreender isso, tutores podem lidar com mais naturalidade, sem vergonha ou mal-entendidos, e buscar orientação veterinária sempre que necessário.
Dr. Marcelo Müller é Médico-Veterinário com mestrado em Pesquisa Clínica, especializado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, bem-estar animal e atendimento veterinário domiciliar. Atua na promoção de saúde preventiva e integrativa, com foco no diagnóstico precoce, respeito à senciência animal e fortalecimento do vínculo entre pets e tutores. Autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”.
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PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
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