Mateus Fazeno Rock lança manifesto musical roqueiro sobre manter a esperança nas quebradas

Terceiro álbum do artista cearense conta com produção dele em parceria com Fernando Catatau e Rafael Ramos e acaba de chegar em todas as plataformas pela Deck.

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Foto: Jorge Silvestre

Há quem se contente em bradar aos quatro cantos das redes sociais que o rock, sobretudo no Brasil, acabou. Talvez o olhar do grande público precise deixar de ser tão viciado no famigerado algoritmo das plataformas ou no fast food oferecido por grande parte das rádios. Não como um salvador do rock, mas como o dono do próprio estandarte de representante do rock feito para contar as histórias das quebradas, Mateus Fazeno Rock lança seu terceiro álbum nesta sexta-feira (1), “Lá Na Zárea Todos Querem Viver Bem” (LNZTQVB), através da gravadora Deck, com produção dele em parceria com Fernando Catatau e Rafael Ramos

Sucessor dos ótimos e contundentes “Jesus Ñ Voltará” (2023, Independente) e “Rolê Nas Ruínas” (2020), o novo álbum consolida Mateus como um dos mais interessantes cronistas do cotidiano das periferias nordestinas. Cria da Sapiranga, bairro da periferia de Fortaleza, ele, que é ator, performer, músico, cantor e compositor, encontrou na arte a maneira de falar sobre seu dia a dia, seus desafios e sobre as histórias e vidas que acontecem ao seu redor.

“Lá Na Zárea Todos Querem Viver Bem”surge pop e indigesto ao mesmo tempo, misturando a familiaridade de guitarras distorcidas do pós-grunge, a urgência do punk, com funk brasileiro, rap, reggae/dub e r&b. Tudo isso unido à imagem de um corpo negro empunhando riffs furiosos em um manifesto musical resumido em 10 faixas que consolidam o que o cantor chama de “rock de favela” como um guia obrigatório para qualquer pessoa que queira um retrato sincero das angústias, dores e esperanças de artistas surgidos longe dos grandes centros do Sudeste do Brasil.

“O rock sempre foi uma presença na minha vida, na minha infância tinha ali o Raul Seixas como uma presença trazida por alguns parentes, o próprio forró que tinha muitas versões de músicas de bandas como Scorpions. Então, na época das lan houses, eu descobri ali com meus 11, 12 anos, o Led Zeppelin e a música ‘Rock and Roll’, que foi muito marcante pra mim escutar pela primeira vez. Mas a verdade mesmo, a minha principal memória foi ouvir ‘Israel’s Son’ do Silverchair, e por mais que eu não entendesse nada do que estava sendo cantado, aquele baixo chegando na música, lembro até hoje a sensação. Mas, eu mesmo não me via como alguém que podia cantar rock ou fazer parte daquilo”, revela o cantor.

Entendendo seu lugar no mundo, sua negritude, Mateus conseguiu colecionar diversas influências musicais, que acabam desaguando no novo trabalho, primeiro lançado por uma gravadora. Da MPB clássica às festas de metal e de punk, o cantor amadureceu uma forma de compor que abraça com orgulho suas origens. A canção homônima ao título e abertura do álbum, simboliza o espírito atual do artista.

“É uma canção que emana o que é o bem-estar e o viver bem para muitos de nós. O que é esse lugar de paz, de prosperidade que estamos buscando, como ele é. E a música vai contando um pouco disso, a partir do meu ponto de vista”, reflete Mateus.

Na soul “Melô do Sossego”, já lançada como single, o cantor invoca a vontade de descanso em meio ao caos e limitações impostas na favela. O otimismo não se esconde no verso “Não ter esperança cansa/ Que vontade de lhe dar sossego”.

“Eu venho cantando desde sempre sobre memória, sobre a minha visão do que vivemos nas favelas aqui de Fortal. Venho falando nos meus shows sobre saúde, sobre vida, sobre longevidade, então essa música reflete muito a partir do que eu já venho abordando desde o primeiro álbum”, explica.

O dub de “Saturno e a Intuição” convida para a dança enquanto “Daquilo que Nois Merece”, parceria com Fernando Catatau com beat de Nego Célio, que já havia colaborado com Mateus no álbum anterior, soa deliciosamente sedutora.

A produção de Fernando Catatau, líder da lendária Cidadão Instigado, e de Rafael Ramos (Pitty, Alceu Valença, NX Zero), lapidou as canções que Mateus já tinha idealizado em casa e  também ajudou a produzir. “Então, Catatau é um amigo, além de tudo, e nós estamos a um tempo trocando. Algumas guitarras que gravei em casa, se mantiveram depois nas versões das faixas, e o resto dos instrumentos, baterias, baixo, percussão e synths, gravamos com os músicos convidados a partir das demos. Catatau chegou muito junto num pensamento de arranjo e também colocando guitarras bem especiais, foi muito massa essa troca. O Rafael Ramos chegou muito junto na condução das gravações, o que foi essencial para que fosse um momento fluido e proveitoso para todos”.

“Lá Na Zárea Todos Querem Viver Bem” (LNZTQVB) chega nesta sexta-feira em todas as plataformas digitais pela Deck. Tenho sido bem acolhido na Deck. Tem sido um espaço onde posso colocar em prática as necessidades que minha música tem, na verdade temos muito trabalho pela frente para movimentar, defender e difundir esse disco pelo mundo”, conclui Mateus Fazeno Rock.

*As opiniões e informações apresentadas neste conteúdo são de inteira responsabilidade dos colunistas e não refletem, necessariamente, a posição editorial deste portal.

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