Muitos pais acreditam que brincar com a criança ou repetir palavras de forma insistente seja suficiente para estimular a fala. Embora essas práticas façam parte do desenvolvimento infantil, especialistas alertam que, em casos de atraso de fala, esse tipo de estímulo isolado não é eficaz.
Segundo a fonoaudióloga Angelika dos Santos Scheifer, é importante desconstruir a ideia de que “brincar certo” garante que a criança vá falar. “A brincadeira é fundamental, mas não podemos acreditar que apenas ela vai resolver o atraso. A fala não acontece no faz de conta: ela precisa ser estimulada em situações reais de comunicação, quando a criança quer pedir algo, mostrar, compartilhar. É nesse momento que a família precisa saber conduzir a interação de acordo com as necessidades da criança”, explica.
Angelika ressalta que até mesmo famílias que já estão em acompanhamento fonoaudiológico, muitas vezes, acreditam que basta brincar em casa ou falar de forma exagerada para estimular. “Isso não funciona. Se a comunicação no dia a dia não mudar, a evolução não acontece. Ou, nos casos de atrasos mais leves, até pode acontecer, mas de forma muito mais lenta. O que promove desenvolvimento é a interação diária, personalizada conforme o nível de linguagem da criança”, reforça.
Entre os sinais de alerta que devem chamar atenção estão ausência de balbucio ou palavras esperadas para a idade, pouco interesse em se comunicar e dificuldade em ampliar vocabulário. Nesses casos, a orientação precoce com o fonoaudiólogo ajuda a guiar os pais sobre como transformar os momentos do cotidiano em estímulos para a fala — o que pode até eliminar o atraso ou reduzir a necessidade de intervenções futuras.
“O brincar, o conversar e o se conectar com a criança são fundamentais, mas quando há atraso, não basta. É preciso que toda a forma de comunicação seja adaptada às características dela. É isso que realmente promove evolução, e para isso a orientação fonoaudiológica é indispensável”, conclui Angelika.
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JÚLIA KLAUS BOZZETTO
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