A dirofilariose, conhecida popularmente como “verme do coração”, é uma doença parasitária causada pelo Dirofilaria immitis, transmitido por mosquitos. Diferente de muitas enfermidades que afetam cães e gatos, a dirofilariose age de forma silenciosa e progressiva, instalando-se no coração e nos vasos pulmonares até comprometer gravemente a saúde do animal.
Um único mosquito infectado pode transmitir larvas microscópicas, que se desenvolvem lentamente até atingirem a forma adulta — vermes com até 30 cm de comprimento. Eles se alojam nas artérias pulmonares e no coração, prejudicando a circulação e provocando insuficiência cardíaca, dificuldade respiratória e, muitas vezes, morte súbita.
No Brasil, a doença tem maior incidência em regiões litorâneas e úmidas, como Rio de Janeiro, Espírito Santo, Nordeste e áreas costeiras, mas casos já foram registrados em outras localidades.
Um dos grandes desafios no combate à dirofilariose é a sua evolução silenciosa. Muitos tutores só percebem algo errado quando a doença já está em estágio avançado. Entre os sinais mais comuns estão:
Tosse persistente e cansaço fácil
Falta de ar após exercícios leves
Perda de peso e apetite
Abdômen aumentado por acúmulo de líquido
Episódios de desmaio ou colapso súbito
Em gatos: crises respiratórias intensas que podem levar à morte repentina
Importante: Diferente dos cães, os gatos podem apresentar poucos vermes — e mesmo assim sofrer consequências graves e fatais.
O diagnóstico da dirofilariose exige exames específicos de sangue, capazes de identificar antígenos do parasita ou microfilárias (formas jovens do verme) circulando no organismo. Em casos avançados, exames de imagem, como radiografias e ecocardiogramas, ajudam a avaliar o comprometimento cardíaco e pulmonar.
Aqui, o papel do Médico-Veterinário é essencial: apenas um exame clínico detalhado aliado a testes laboratoriais confirma o diagnóstico.
Embora exista tratamento para a dirofilariose, ele é complexo, caro e de risco. A morte dos vermes adultos pode causar embolia pulmonar e agravar o quadro clínico do animal. Por isso, em muitos casos, opta-se por terapias de suporte e controle dos sintomas, em vez da eliminação direta do parasita.
Essa dificuldade reforça um ponto essencial: na dirofilariose, prevenir é muito mais seguro do que tratar.
A prevenção é realizada por meio de medicações específicas (tópicas, orais ou injetáveis) que impedem o desenvolvimento das larvas. Essas medicações devem ser administradas regularmente, sob prescrição veterinária.
Outros cuidados incluem:
Controle de mosquitos no ambiente, evitando água parada
Check-ups veterinários regulares, especialmente em áreas endêmicas
Testes anuais para garantir que o animal esteja livre da infecção
Importante: mesmo animais que vivem em apartamento estão em risco, já que os mosquitos podem acessar ambientes fechados.
O Setembro Vermelho Pet é uma campanha dedicada à conscientização sobre as doenças cardíacas em cães e gatos. Assim como nos humanos, muitas enfermidades cardíacas nos pets são silenciosas e fatais. A dirofilariose é um dos exemplos mais graves, pois une risco parasitário, falência cardíaca e impacto direto na qualidade de vida.
Aproveitar este mês para avaliar a saúde do coração dos pets é um ato de responsabilidade e amor.
A medicina veterinária moderna não se limita a tratar doenças quando elas já estão instaladas. O papel do Médico-Veterinário é antecipar problemas, educar tutores e salvar vidas com medidas preventivas.
No atendimento veterinário domiciliar, por exemplo, é possível:
Realizar coletas de exames sem estresse para o animal
Avaliar fatores ambientais que aumentam o risco de infecção
Prescrever protocolos individualizados de prevenção
Orientar tutores sobre sinais de alerta e cuidados diários
Essa abordagem personalizada coloca a prevenção como protagonista da saúde animal.
A dirofilariose, ou verme do coração, é uma das doenças mais graves que podem atingir cães e gatos. Ela avança de forma silenciosa e, quando os sintomas aparecem, muitas vezes o quadro já é irreversível.
A mensagem é clara: a prevenção salva vidas. Durante o Setembro Vermelho Pet, reforço o alerta a todos os tutores — converse com um Médico-Veterinário de confiança, mantenha a prevenção em dia e garanta que o coração do seu pet bata forte e saudável por muitos anos.
Dr. Marcelo Müller é Médico-Veterinário com mestrado em Pesquisa Clínica, especializado em clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, bem-estar animal e atendimento veterinário domiciliar. Atua na promoção de saúde preventiva e integrativa, com foco no diagnóstico precoce, respeito à senciência animal e fortalecimento do vínculo entre pets e tutores. Autor do livro “Meu Pet… Meu Mundo…”.
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PRISCILA GONZALEZ NAVIA PIRES DA SILVA
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