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Caravana Tapioca leva circo e afeto a escolas e unidades da Fundação CASA

Projeto reafirma o papel transformador da arte em contextos de vulnerabilidade e amplia o acesso cultural a públicos pouco atendidos

ANDRé OLOBARDI
05/11/2025 18h34 - Atualizado há 5 dias
Caravana Tapioca leva circo e afeto a escolas e unidades da Fundação CASA
Divulgação
O Circo Caravana, espetáculo da companhia Caravana Tapioca, percorre 22 espaços entre escolas públicas e unidades da Fundação CASA, levando comicidade, acrobacias e afetividade a quem raramente tem contato com a linguagem circense. A iniciativa reforça o compromisso do grupo em democratizar o acesso à arte e transformar locais inesperados em palcos de encontro. O projeto recebeu apoio do Fomento ao Circo da Cidade de São Paulo.

Desde 2016, a montagem mistura números de malabarismo, equilíbrio e comicidade com personagens excêntricos, conquistando crianças, adolescentes e adultos. O espetáculo já passou por ruas, praças, festivais e teatros, mas encontrou um dos significados mais profundos dentro da Fundação CASA, onde circula anualmente desde 2018.

O primeiro convite para uma unidade socioeducativa surgiu por iniciativa de uma professora de artes, e a experiência foi decisiva para o grupo. Giulia Nina, fundadora da companhia e mestranda em Artes Cênicas pela USP, ressalta: “Apresentar para adolescentes privados de liberdade é garantir a eles um direito cultural que lhes foi negado. O riso coletivo quebra a rigidez, gera acolhimento e inspira novas possibilidades de futuro. Muitos compartilham suas histórias, cantam, dançam e se reconhecem como protagonistas da própria vida”.

Anderson Machado, ator, palhaço e músico, também reforça a importância do encontro. “Sempre buscamos levar o circo a lugares que não costumam receber apresentações. Quando entramos na Fundação CASA, percebemos que o efeito ia muito além da cena. A desconfiança inicial se desfaz em gargalhadas, e a rotina marcada pela rigidez se transforma em um espaço de afeto. Isso também nos transforma, amplia nosso olhar sobre a arte e sobre a sociedade”.

Após cada apresentação, acontecem bate-papos que se tornam tão relevantes quanto o espetáculo. Os jovens questionam sobre a vida artística, os erros em cena e a possibilidade de sustentar-se com arte. Muitos se surpreendem ao descobrir que errar faz parte do processo e que a falha pode virar aprendizado.

Momentos marcantes mostram a potência dessa ação. Giulia relembra a vez em que um adolescente cantou um rap contando sua história, até então nunca compartilhada em terapia. “A psicóloga nos contou que aquele momento abriu um caminho de expressão. São episódios assim que mostram como o circo pode ser chave para processos de transformação”, afirma.

Em outro relato, ao perguntarem a uma jovem qual superpoder gostaria de ter, ela respondeu que queria apenas ser feliz. E, em uma atividade de “passar o chapéu”, os adolescentes ofereceram gestos, sorrisos e afeto em vez de bens materiais. O chapéu retornou ao grupo cheio de símbolos afetivos, lembrança que os artistas consideram seu maior prêmio.

O riso conduz todo o processo. Em unidades de segurança máxima, onde os jovens muitas vezes não têm acesso ao céu aberto, a palhaçaria se torna um respiro. “Quando todos riem juntos – jovens, professores, educadores e artistas – as barreiras desaparecem. O riso nos coloca no mesmo lugar e mostra que cada um pode ser protagonista da própria história”, explica Machado. “Eles reagem como crianças, com uma alegria extrema. No começo mantêm a seriedade, mas basta a primeira palhaçada para se abrirem. É um riso que liberta”.

A companhia reafirma sua convicção: o circo atravessa grades, preconceitos e desigualdades sociais. Cada sessão na Fundação CASA é troca de mundos. Giulia completa: “As pessoas que estão lá são vítimas de um sistema racista, punitivista e excludente. Muitas nunca tiveram acesso a um teatro ou circo antes. Levar arte para esses espaços é afirmar que essas pessoas têm direito à cultura e ao riso, independentemente de onde estejam”.

O grupo espera que mais artistas se dediquem a levar a arte para locais de privação de liberdade. “Esse trabalho não transforma apenas quem assiste, mas também quem se apresenta. É um convite a ampliar o olhar para a sociedade, a reconhecer as desigualdades e a acreditar na potência da arte como força de mudança”, reforça Giulia.

Sobre a Caravana Tapioca e o Circo Caravana

Fundada por Giulia Nina e Anderson Machado, a Caravana Tapioca atua há 14 anos em circo, teatro e música, levando apresentações a praças, sertões e unidades da Fundação CASA. O grupo já foi contemplado por editais como Funcultura (PE), ProAC (SP) e Fomento ao Circo da Cidade de São Paulo, além de integrar festivais nacionais e internacionais.

Criado em 2016, Circo Caravana combina comicidade, malabarismo, equilíbrio e personagens excêntricos. A montagem circula por cidades brasileiras e fortalece sua relevância social em unidades socioeducativas, onde o riso se torna ferramenta de diálogo, inclusão e protagonismo.

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ANDRE OLOBARDI
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