A busca por soluções robustas, especialmente aquelas baseadas em inteligência artificial (IA), tem se intensificado entre os varejistas nos últimos anos. À medida que essa corrida pela inovação vem acelerando, a atenção para pontos básicos operacionais vai perdendo o foco, o que prejudica o desempenho digital de empresas e até a experiência dos clientes durante a jornada de compras.
Neste ano, especialistas observam um movimento de reequilíbrio nas estratégias do varejo. Muitas marcas, que antes priorizavam grandes projetos de IA voltados às pontas do processo, passaram a direcionar seus esforços para aprimorar a automação e a eficiência de tarefas fundamentais do dia a dia. A meta é assegurar fluidez operacional e consistência em toda a jornada do negócio, independentemente da complexidade tecnológica adotada.
Segundo levantamento da FCamara, multinacional brasileira de tecnologia e inovação, mais de 60% das empresas de varejo atendidas pela companhia buscam aprimorar ou implementar automação em etapas defasadas, abrangendo back-office, operação de loja, integração omnichannel e logística. A tendência acompanha o cenário global: relatório da Fortune Business Insights (“Retail Automation Market”, 2024) indica que mais de 70% dos varejistas devem utilizar automação em atividades rotineiras até 2025, ao passo que o IDC Retail Insights LATAM (2024) projeta que 52% dos grandes varejistas da região pretendem automatizar sistemas internos até o fim de 2025.
Apesar desse movimento progressivo, ineficiências em fluxos simples, como controle de estoque, integração de sistemas e atendimento, continuam entre os principais entraves do setor. Estimativas apontam que inconsistências operacionais podem corroer até 20% do faturamento anual, enquanto prejuízos decorrentes de falhas de software ou manutenção seguem afetando diretamente a performance das lojas físicas e digitais.
“A tecnologia é crucial, mas ela não substitui o cuidado com o operacional. Diversos varejistas investem pesado em inovação e se esquecem de olhar para áreas que estão com ferramentas ultrapassadas. O básico bem feito ainda é o que sustenta os grandes resultados”, afirma Alexsandro Monteiro, head de Retail da FCamara.
Monteiro destaca três frentes que vêm ganhando maior atenção por parte das empresas:
1. Controle de estoque bem feito: manter um inventário preciso é decisivo para garantir a disponibilidade dos produtos certos e evitar excesso de mercadorias paradas. Um controle eficiente reduz frustrações do consumidor e melhora as margens de lucro.
2. Automação de tarefas no backoffice: a automação de processos básicos pode proporcionar ganhos expressivos com a implementação de robôs que emitem notas fiscais e façam a gestão de pedidos e a integração com marketplaces.
“Projetos pequenos, quando bem estruturados, podem causar impactos muito relevantes no dia a dia da operação, liberando tempo e recursos para que as equipes se concentrem em atividades estratégicas”, explica Monteiro.
3. Atendimento mais ágil e eficiente: revisar e automatizar rotinas de atendimento é outro passo essencial. O uso de scripts bem definidos e ferramentas que organizam o fluxo de contato propicia respostas rápidas e consistentes, elevando o nível de satisfação e fidelização do cliente.
Monteiro reforça que o equilíbrio entre inovação e excelência operacional é o verdadeiro diferencial competitivo. “A tecnologia tem um papel transformador, porém ela só gera resultados efetivos quando está apoiada em estruturas sólidas. O básico bem feito é, muitas vezes, o que viabiliza o extraordinário”, conclui.
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JULIANA FERNANDES DO NASCIMENTO
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