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O escândalo do meio ambiente em Ribeirão Pires - quem deu poderes à prefeitura?

Reportagens revelam desmatamento, invasões e licenças irregulares concedidas pela prefeitura

MáRCIO DE ANDRADE PRADO
04/11/2025 10h09 - Atualizado há 6 dias
O escândalo do meio ambiente em Ribeirão Pires - quem deu poderes à prefeitura?
Divulgação - Foto: PMRP
Os recentes crimes ambientais em Ribeirão Pires, exibidos pelo jornalismo da TV Globo, no SPTV, revelaram apenas uma pequena parte das motivações por trás das derrubadas de áreas verdes na cidade.
 
Na reportagem, foi mostrada uma área que, embora exibisse uma placa da Sabesp, não era uma obra da companhia, mas sim a construção de um loteamento — um entre diversos empreendimentos imobiliários que vêm se espalhando pela cidade.
 
Invasões e omissão do poder público
 
O problema, porém, não se limita aos empreendimentos privados. Há também o avanço das invasões em áreas de preservação, que crescem sem controle sob os olhos dos órgãos fiscalizadores do Meio Ambiente municipal.
 
Coincidência ou não, o secretário de Meio Ambiente de Ribeirão Pires, Temístocles Cristófaro, foi condenado pela segunda vez por conceder licenças e autorizações ambientais irregulares. A primeira condenação, ocorrida um mês antes, foi pelo mesmo motivo.
 
Além disso, Cristófaro é investigado por omissão, conflito de interesses e deficiência na fiscalização da própria secretaria em casos de invasões e loteamentos irregulares.
 
Investigações e denúncias anteriores
 
Em agosto de 2024, fui autor de uma reportagem investigativa que mapeou 12 pontos de invasões em Ribeirão Pires, com endereços e registros fotográficos. As irregularidades vão muito além do desmatamento: provocam problemas de saneamento básico, crescimento desordenado e riscos ambientais permanentes.
 
Antes disso, em junho de 2019, também publiquei uma matéria que levantou suspeitas sobre o excesso de poder concedido à Prefeitura de Ribeirão Pires. Na época, a administração municipal declarou-se apta a realizar licenciamentos ambientais de alto impacto, amparada na Deliberação Normativa Consema 01/2014.
 
Essa deliberação permitiu à prefeitura autorizar movimentações de até 1.000.000 m³ de terra, cortes de vegetação em estágio médio e intervenções em Áreas de Preservação Permanente (APPs).
 
No entanto, o município não atende ao requisito populacional mínimo de 500 mil habitantes, exigido pela Deliberação Normativa Consema 01/2018 para exercer esse tipo de licenciamento.
 
Quem é o verdadeiro responsável?
 
Na reportagem do SPTV, a prefeitura afirmou que todas as áreas investigadas estão regulares e possuem licenças ambientais válidas. Mas a dúvida permanece: quem deve responder por essas irregularidades ambientais?
 
A Prefeitura de Ribeirão Pires, que recebeu uma espécie de “carta branca” para autorizar grandes empreendimentos, incluindo condomínios e galpões que vêm devastando a vegetação nativa?
Ou o Governo do Estado de São Paulo, que concedeu tais poderes ao município, mesmo com exigências legais que ele não cumpre?
 
A resposta a essa pergunta pode definir o futuro das áreas de preservação ambiental e da gestão ecológica de Ribeirão Pires — uma cidade que, nos últimos anos, vem sendo palco de denúncias, omissões e conivências políticas no setor ambiental.

Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
MARCIO DE ANDRADE PRADO
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