A urgência invisível: por que não podemos adiar o cuidado com a saúde mental
Agenor Santana
09/10/2025 13h48 - Atualizado há 5 horas
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Por Silvia Rezende** Era uma terça-feira comum. O despertador tocou às 6h30, como sempre. Levantei, tomei café, respondi e-mails, cumpri reuniões. Tudo parecia normal — até que, no meio da tarde, meu corpo travou. Não era cansaço físico. Era como se a mente tivesse puxado o freio de emergência. Ansiedade, angústia, um nó na garganta. E foi ali, naquele instante silencioso, que percebi: eu estava ignorando minha saúde mental há meses. Essa história retrata a realidade de muitas pessoas que atualmente vivem em uma sociedade que valoriza produtividade, metas, entregas. Mas pouco se fala sobre o que acontece por dentro — sobre o peso que carregamos, os medos que escondemos, os traumas que silenciamos. E quando falamos, muitas vezes ouvimos: “isso é frescura”, “vai passar”, “todo mundo está assim”. Não, não é frescura. E não, não podemos deixar para depois. Saúde mental é saúde — ponto final A Organização Mundial da Saúde define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”. Mas na prática, o cuidado com a mente ainda é tratado como opcional. Consultas com psicólogos são vistas como luxo. Terapia é tabu. E admitir que se está mal é, para muitos, sinal de fraqueza. Mas a verdade é que a mente adoece como o corpo. E quando não tratamos, os sintomas se espalham: insônia, irritabilidade, isolamento, crises de pânico, depressão. O impacto vai além do indivíduo — afeta famílias, relacionamentos, trabalho, comunidade. É uma cadeia silenciosa que se rompe quando decidimos cuidar. Não é sobre esperar o fundo do poço. É sobre prevenção Tratar a saúde mental não é só buscar ajuda quando tudo desmorona. É aprender a reconhecer sinais, a respeitar limites, a cultivar hábitos saudáveis. É conversar, ouvir, acolher. É entender que pedir ajuda é um ato de coragem — não de fraqueza. E mais: é papel de todos. Governos precisam investir em políticas públicas, empresas devem oferecer suporte emocional, escolas têm que ensinar sobre emoções. Mas também é responsabilidade nossa — como amigos, pais, filhos, colegas — criar espaços seguros para que ninguém precise sofrer em silêncio. Cuidar da mente é cuidar da vida Então, se você está lendo isso e sente que algo não vai bem, não espere. Fale. Procure ajuda. Cuide de você. Porque a saúde mental não pode ser uma prioridade adiada. Ela é urgente. Ela é essencial. Ela é agora. Se quiser, posso te ajudar a encontrar recursos ou formas de iniciar esse cuidado. Quer conversar sobre isso? **Silvia Rezende é graduada em Pedagogia e Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Silvia possui especialização em Terapia Comportamental Cognitiva em saúde mental pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ela é a coordenadora técnica da Clínica de Psicologia LARES e professora do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Silvia atua também como psicóloga colaboradora no IPQ HC FMUSP e no Programa de Psiquiatria Social e Cultural (PROSOL), um grupo do Instituto de Psiquiatria da FMUSP. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
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