Sérue dirigida por Caru Alves de Souza no Festival do Rio 2025
exibição acontece em 7/10, às 21h30, no Estação NET Rio
KARINA MANCINI
06/10/2025 15h53 - Atualizado há 5 horas
Divulgação
Depois de sua première mundial no Festival de Berlim de 2025, “De Menor – A Série”, novo trabalho da diretora paulista Caru Alves de Souza, ganha pré-estreia brasileira no Festival do Rio 2025. Episódios da produção integram a programação da Première Brasil deste ano, com exibição na próxima terça-feira (07/10), às 21h30, no Estação NET Rio (Rua Voluntários da Pátria, 35 – Botafogo). Obra ficcional que gira em torno de audiências envolvendo adolescentes em conflito com a lei, a série tem linguagem não-naturalista. Cada um dos seis episódios adota um gênero ou estilo diferente, incluindo musical, programa de TV, game e podcast. Sua veiculação se dará pelo Canal Brasil, em data a ser anunciada. Na Première Brasil são exibidos o primeiro e o terceiro episódios. No primeiro, um adolescente está sendo julgado por supostamente ser traficante e entra em um “conflito musical” com um juiz rigoroso que está em dúvida sobre qual sentença é a mais justa. No terceiro, a história de uma adolescente que comete um assalto para impressionar seu namoradinho é transformada em um programa televisivo sensacionalista. O Festival do Rio é importante na trajetória de Caru Alves de Souza. O evento exibiu seu primeiro trabalho ficcional, o curta-metragem “Assunto de Família” (2011); lançou seu primeiro longa-metragem, “De Menor” (2013), vencedor da Première Brasil daquele ano; e foi o primeiro festival brasileiro a programar o longa “Meu Nome é Bagdá” (2020). Segundo a diretora, a nova série busca “desnaturalizar uma situação extremamente violenta para com adolescentes desassistidos". Daí a opção por uma proposta não-realista, que acontece inteiramente em cima de um palco de teatro, sem ter suas estruturas escondidas, expondo a ideia de encenação e de que existe uma construção social por trás dessas tragédias. Outro conceito muito importante foi o de criar situações que “quebravam” constantemente o fluxo narrativo para que o espectador se lembrasse que o que ele está vendo não é real - ainda que seja muito realista - numa tentativa de convidá-lo a refletir sobre o que ele está vendo.” (veja texto completa ao final) Com seu roteiro final fruto de um processo colaborativo de criação desenvolvido junto ao elenco, a série conta com a atuação de jovens talentos, como os atores Grace Orsato, Giulia Del Bel, William Costa, que haviam participado de “Meu Nome é Bagdá”. Ao seu lado estão Benjamín, Luan Carvalho e Taciana Bastos, além das participações das atrizes Carlota Joaquina, Marina Medeiros, do músico Shabazz, Rita Batata e Giovanni Gallo. Estes dois últimos foram protagonistas do longa “De Menor”, vencedor do Festival do Rio em 2013 e que serviu de inspiração para a série. “De Menor – A Série” é uma produção da Tangerina Entretenimento, empresa comandada pela cineasta Tata Amaral. A equipe criativa principal é composta pelo diretor de fotografia Leonardo Feliciano (o mesmo de “Marte Um”), a montadora Camila Rizzo, que acumula diversas premiações em eventos norte-americanos, e o diretor de arte Julio Dojcsar, conhecido artista visual, grafiteiro e cenógrafo. Participam ainda a figurinista Silvana Marcondes, elogiada por seus trabalhos em espetáculos teatrais, a preparadora de elenco Marina Medeiros (de “Ensaio Sobre a Cegueira”), o editor de som e mixador Pedro Noizyman e o autor da trilha musical André Whoong, que haviam trabalhado em “Meu Nome é Bagdá". No canal da Tangerina Entretenimento no YouTube estão disponíveis o trailer oficial da série, assim como teasers de todos os seus episódios. O endereço é www.youtube.com/tangerinafilmes. "De Menor - A Série" foi viabilizado através do Fundo Setorial do Audiovisual (Ancine / BRDE), Programa de Ação Cultural - ProAC (Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo) e Spcine. sinopse “De Menor – A Série” é uma série para TV fictícia sobre injustiças que podem ser cometidas contra jovens em situação de vulnerabilidade. Baseados em histórias que giram em torno de audiências com adolescentes em conflito com a lei, em cada episódio seis jovens atores interpretam personagens de histórias que adotam um gênero ou estilo diferente em uma linguagem não naturalista, montadas em um palco de teatro. Assim, um episódio é musical, outro assume a forma de um programa de TV, um terceiro é tratado como uma audiência bizarra organizada em uma sala de jantar chique, enquanto em outro episódio uma audiência virtual se mistura com o universo dos games. Um defensor público e dois jovens se reúnem no sexto episódio para comentar o material gravado (como os vídeos da internet do gênero react). palavras da diretora Caru Alves de Souza Quando eu estava no meio do processo de desenvolvimento do “De Menor – A Série”, me dei conta de que estava diante de um universo extremamente delicado, que reunia, por um lado, situações familiares extremamente vulneráveis e, de outro, uma sociedade que não reconhece essa vulnerabilidade e muito comumente lida com ela de maneira punitivista. Também ficou evidente que essa situação se inseria em um contexto muito mais estrutural onde o preconceito racial, de gênero e de classe davam as diretrizes. Duas experiências foram determinantes para me ajudar a entender como eu poderia abordar dramaturgicamente essa questão extremamente complexa de uma maneira socialmente responsável. Em “Meu Nome é Bagdá”, longa-metragem que dirigi e coescrevi, a gente reescreveu as cenas e os diálogos a partir dos ensaios feitos com as atrizes e atores do filme, muitos deles skatistas que nunca haviam tido a experiência de uma filmagem. Esta metodologia de trabalho de mise-en-scène trouxe frescor e potência ao projeto, aclamada pelo público e crítica como um ponto alto do filme. Anos depois, na Espanha, fiz o Máster en Prácticas Escénicas y Cultura Visual no Museu Reina Sofia, em colaboração com a Universidad Castilla La-Mancha, onde desenvolvi práticas performáticas de escrita coletiva com desconhecidos. Ou seja, o conceito de criação colaborativa, de potencialização das forças envolvidas na criação, e o conceito de "ampliações de vozes" se tornaram imperativos desde então, me provocando a tentar trilhar um caminho mais ético quando ao lidar - ou partir de - situações e pessoas em estado de vulnerabilidade. Para isso, o caminho que escolhi foi abrir a construção dramatúrgica da série para uma criação mais colaborativa onde tanto elenco como equipe criativa participou da concepção das histórias em uma tentativa de “refletir juntos” sobre aquela situação que se apresentava para nós, Reunimos experiências vividas e/ou pensadas, para escrever as histórias de cinco adolescentes que são julgados por algum crime que alegadamente cometeram, na tentativa de expor as engrenagens das estruturas sociais estão presentes em cada situação específica presente nas histórias. Assim, “De Menor – A Série” não pretende dar uma solução ou dar a palavra definitiva sobre algum assunto, isso seria um erro, o que pretendo com a série é mostrar o resultado de um processo de reflexão que um grupo de pessoas fez, e estender essa tentativa para aquelas pessoas que assistirem a série. O primeiro conceito que queríamos trabalhar era com a ideia de desnaturalizar uma situação extremamente violenta para com adolescentes desassistidos. Daí a opção por uma proposta não-realista, que acontece inteiramente em cima de um palco de teatro que não têm suas estruturas escondidas, expondo a ideia de encenação e de que existe uma construção social por trás dessas histórias. Outro conceito muito importante foi o de criar situações que “quebravam” constantemente o fluxo narrativo para que o espectador se lembrasse que o que ele está vendo não é real - ainda que seja muito realista - numa tentativa de convidá-lo a refletir sobre o que ele está vendo. Com isso, espero que “De Menor – A Série” seja uma experiência que leve a questionar a maneira que vemos o mundo, que possamos perceber que as estruturas sociais que achamos serem imutáveis ou as situações que achamos que são naturalmente de uma maneira, muitas vezes são, na verdade, fruto de construções sociais que podem – e devem – mudar urgentemente quando são injustas, e que a experiência de ver a série não acabe nos créditos finais. Caru Alves de Souza Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
KARINA MANCINI DE CANHA
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