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Publicidade conversacional: o novo passo da OpenAI com o ChatGPT

*Luciano Furtado C. Francisco

JULIA ESTEVAM
06/10/2025 12h22 - Atualizado há 3 horas
Publicidade conversacional: o novo passo da OpenAI com o ChatGPT
Rodrigo Leal

A possibilidade de transformar o ChatGPT em um canal de anúncios deixou de ser apenas especulação. A OpenAI já deu sinais de que considera seriamente esse caminho, e os movimentos recentes da empresa revelam que a discussão está em andamento. A companhia vem contratando engenheiros com experiência em plataformas de mídia digital e desenvolvimento de sistemas de campanhas, algo que indica a intenção de estruturar um modelo próprio de publicidade dentro da ferramenta.

Uma ideia que não surge no vazio. O ChatGPT reúne mais de 700 milhões de usuários semanais no mundo, segundo a própria empresa, e sustentar esse volume de acessos com base apenas em assinaturas não parece suficiente para garantir o crescimento esperado. Anúncios poderiam se tornar uma fonte de receita adicional, especialmente para usuários da versão gratuita. Essa mudança, porém, precisa ser planejada com cuidado para não comprometer a experiência que tornou o produto tão popular.

Em recente entrevista ao site The Verge, Nick Turley, líder da área de produto da OpenAI, reconheceu que a propaganda pode fazer parte do futuro do ChatGPT, mas ressaltou que qualquer decisão nesse sentido será tomada com cautela. A preocupação é legítima, pois se os anúncios forem invasivos ou confundirem a fronteira entre informação e patrocínio, a confiança dos usuários pode se perder rapidamente. Pesquisas recentes mostraram que, quando conteúdos pagos aparecem de forma disfarçada em sistemas de IA, a reação costuma ser negativa.

O movimento de monetização, no entanto, já começou de outras formas. A OpenAI testou recentemente a possibilidade de realizar compras dentro da própria conversa. Usuários nos Estados Unidos puderam adquirir produtos de plataformas como Etsy sem sair da janela do chat, recurso que aproxima a ferramenta de um modelo de comércio conversacional. A experiência abre caminho para que marcas enxerguem ali um espaço de contato direto com consumidores em momentos de intenção clara de compra.

Há também a questão regulatória, já que inserir publicidade em um assistente de IA exige regras rígidas de transparência e respeito à privacidade. No Brasil, a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados limita o uso de informações pessoais sem consentimento explícito. Na Europa, o mesmo ocorre com o GDPR. Qualquer deslize pode gerar desgaste de reputação e entraves legais, o que aumenta o peso das escolhas que a empresa terá de fazer.

Para os anunciantes, sem dúvida é uma perspectiva atraente. Diferente de redes sociais, onde a atenção é disputada por estímulos variados, no ChatGPT o usuário chega com uma intenção definida. Isso pode aumentar a relevância da mensagem e reduzir a dispersão da verba de mídia. A questão central será encontrar o equilíbrio entre utilidade e excesso.

Se a OpenAI avançar, o ChatGPT poderá inaugurar uma nova categoria de publicidade digital, mais próxima da conversa do que do banner. Mas a experiência só terá futuro se preservar a confiança construída até aqui. Esse é o capital mais valioso da plataforma e o que vai definir se a propaganda conversacional se tornará um novo padrão ou apenas mais uma tentativa frustrada de rentabilizar a atenção.

 

*Luciano Furtado C. Francisco é analista de sistemas, administrador e especialista em plataformas de e-commerce. É professor do Centro Universitário Internacional – Uninter, onde é tutor no curso de Gestão do E-Commerce e Sistemas Logísticos e no curso de Logística.

 


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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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