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Celina Borges Torrealba Carpi produz o #LINK no Brasil e fortalece conexões do cinema documental com a Ibero-América

A primeira edição brasileira do #LINK, produzida por Celina Torrealba, conectará 40 projetos a produtores e distribuidores internacionais, fortalecendo a presença da não ficção no mercado global

ROXANNE SILVA
06/10/2025 14h02 - Atualizado há 4 horas
Celina Borges Torrealba Carpi produz o #LINK no Brasil e fortalece conexões do cinema documental com a
Divulgação / Acervo pessoal
 

Entre 6 e 11 de outubro, o Rio de Janeiro receberá a primeira edição brasileira do #LINK,encontro de indústria e negócios  ibero-americano de cinema documentário, evento que será realizado, em parceria inédita com o Festival do Rio e o RioMarket. Mais do que um evento cultural, a iniciativa marca um movimento estratégico de internacionalização do cinema documental brasileiro, posicionando o país no centro de um ecossistema ibero-americano em franca expansão.

À frente da direção de produção do encontro está a cineasta e produtora Celina Torrealba, que vê na chegada do #LINK ao Brasil uma oportunidade sem precedentes de articulação entre realizadores, produtores e distribuidores. “O Brasil sempre teve enorme relevância criativa, mas faltava transformar esse capital simbólico em potência de mercado. O #LINK vem justamente para criar esse espaço de negócios e circulação internacional da nossa não-ficção. .Longe da ideia de “registro da realidade”, o #LINK se afirma enquanto linguagem que interpreta, inventa e tensiona o mundo.” afirma

O mercado em ascensão

O segmento documental vem ganhando protagonismo nos últimos anos, impulsionado sobretudo pelo avanço das plataformas de streaming. Segundo levantamento da consultoria Omdia, os conteúdos de não-ficção representam hoje mais de 20% do catálogo global das principais plataformas, movimentando bilhões de dólares anualmente. No Brasil, dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) mostram que o gênero responde por parcela crescente das produções independentes inscritas em editais e chamadas públicas.

Esse movimento reflete uma mudança no comportamento de consumo: o público busca narrativas ancoradas em fatos, histórias reais e temáticas urgentes, da sustentabilidade à diversidade cultural. 

Um histórico de impacto

Criado em Buenos Aires há 14 anos, o #LINK consolidou-se como um dos encontros mais relevantes para o cinema de não-ficção na Ibero-América. Nesse período, foram 540 projetos selecionados, 470 filmes finalizados e 225 prêmios concedidos, totalizando mais de US$1,1 milhão em aportes. Muitos dos títulos passaram por vitrines internacionais como Cannes Docs, IDFA e Ventana Sur, alcançando festivais de classe A e plataformas de distribuição global.

Além dos números, chama a atenção a vocação inclusiva do encontro: 67% dos projetos apoiados foram liderados por mulheres e identidades dissidentes, e 15% têm origem em comunidades tradicionais, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Os bastidores da produção

Se, para o público, o #LINK será uma vitrine de masterclasses, pitchings e sessões de networking, nos bastidores a direção de produção liderada por Celina Torrealba é o eixo que garante a engrenagem. Para a cineasta, é importante conciliar visão estratégica e sensibilidade artística, uma vez que esse tipo de evento é um exercício de diplomacia cultural.

A programação prevê mentorias individuais e coletivas, consultorias técnicas, mesas-redondas e encontros one-to-one, reunindo especialistas nacionais e internacionais. Ao todo, 40 projetos serão impulsionados na edição carioca, com potencial de atrair novos investimentos e ampliar a presença de filmes brasileiros em circuitos internacionais.

Resistência e articulação do setor

Em 2025, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) amargou um corte de 25,67% em seu orçamento, caindo de R$1,2 bilhão para cerca de R$892 milhões. Nesse cenário de ajustes orçamentários e incertezas regulatórias, a realização do #LINK acaba representando também um movimento de resistência política.

“Realizar a 15ª edição no Rio é fortalecer o ecossistema do cinema ibero-americano em um momento de ataques. O Brasil mostrou como é possível o cinema resistir mesmo sem políticas públicas e agora vive um grande momento. Essa experiência nos inspira. A parceria com o Festival do Rio e o RioMarket simboliza união e cooperação. Se há articulação para destruir nossos cinemas, nós também precisamos nos articular”, explica Celina Torrealba.

Um futuro de integração

Celina aposta que o #LINK marcará o início de um ciclo mais amplo de integração, onde, a partir deste momento, será possível observar mais coproduções e mais reconhecimento internacional do documentário brasileiro. 

Para o setor, a realização do evento é um marco de reposicionamento estratégico. Em um cenário global cada vez mais competitivo, a articulação de profissionais torna-se fundamental para transformar talento criativo em valor econômico.

Quem é Celina Borges Torrealba Carpi?

Cineasta e produtora brasileira, Celina Borges Torrealba Carpi construiu sua trajetória no cinema autoral, privilegiando narrativas de forte relevância política e cultural. Formada em Cinema pela Sorbonne e mestre em Documentário pela New York University, atua também no terceiro setor, com projetos voltados a direitos humanos, sustentabilidade e desenvolvimento urbano.

Entre seus trabalhos de destaque estão os longas Wasp Network, The Lighthouse e A Vida Invisível. No cinema documental brasileiro, estreou com Arte da Diplomacia (2023), exibido no FIDBA, no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Atualmente finaliza Ainda Sei Dançar (2025), seu primeiro longa documental.

Ao lado de Sergio Carpi, fundou a produtora Donna Features, dedicada a obras de impacto social. Celina define sua abordagem de forma direta: “Tudo que eu faço na vida tem emoção, tem afeto. E cinema é emocionar o público.” Como idealizadora do #LINK no Rio de Janeiro, reafirma seu compromisso com a promoção e fortalecimento do cinema de não ficção no Brasil.

Fotos: Divulgação / Acervo pessoal

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ROXANNE ARAUJO HUBER DA SILVA
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