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Benefícios de saúde mental existem, mas 83% dos colaboradores não utilizam

Estigma e falta de confiança minam a efetividade de programas corporativos, transformando iniciativas em números pouco expressivos.

NOELLE NEVES
29/09/2025 10h57 - Atualizado há 2 horas
Benefícios de saúde mental existem, mas 83% dos colaboradores não utilizam
Unsplash

A pressão social fez muitas empresas acelerarem a criação de políticas voltadas ao cuidado com a saúde mental dos colaboradores. Palestras, plataformas de psicoterapia e convênios ampliados entraram no radar do RH. Mas, na prática, a adesão ainda é pequena. Segundo pesquisa do Infojobs, entre os profissionais que trabalham em empresas que oferecem benefícios voltados à saúde mental, 83% nunca utilizaram esses recursos. O dado revela um descompasso entre oferta e efetividade, mostrando que os programas talvez ainda não tenham superado as barreiras culturais e de estigma.

 

Para Ana Paula Prado, CEO da Redarbor Brasil, detentora do Infojobs, o resultado expõe uma questão estrutural. “O resultado nos mostra um desafio sistêmico e profundo. A questão não é apenas ter acesso a programas de saúde mental, é criar um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para usá-los. Apesar de todos os avanços e do aumento de ferramentas de suporte, ainda temos que derrubar barreiras culturais. Muitos profissionais temem ser julgados por seus pares ou líderes, ou veem o uso desses benefícios como um sinal de fraqueza”, analisa.

 

Esse receio ajuda a explicar outro ponto da pesquisa: a percepção dos profissionais segue dividida em relação à receptividade das empresas. Para 52% dos respondentes, não há abertura real para discutir saúde mental dentro das organizações. Já 48% acreditam que houve evolução nos últimos anos.

 

O contraste entre percepção e prática mostra que, apesar dos avanços, ainda falta confiança. ”Nosso papel, como líderes, é mais do que apenas oferecer programas. Precisamos construir uma cultura de acolhimento e confiança. É preciso deixar claro, através de atitudes e comunicação, que cuidar da nossa saúde mental não é um sinal de fragilidade, mas sim uma demonstração de força, inteligência e autoconhecimento. O bem-estar das nossas equipes é o alicerce do nosso sucesso”, afirma Ana Paula.

 

A pesquisa também levantou quais são os benefícios mais oferecidos. Convênio médico aparece em primeiro lugar (87%), seguido de palestras e materiais educativos (71%) e suporte psicológico externo, como plataformas digitais ou convênios com clínicas (60%). Já iniciativas internas, como atendimento psicológico dentro da própria empresa, são minoria, registrando 37%.

 

O cenário atual revela uma lacuna notável: a responsabilidade pelo cuidado com a saúde mental muitas vezes não está diretamente ligada de forma genuína à cultura organizacional. Essa abordagem pode limitar o impacto real das iniciativas e promover o acesso ao suporte apenas àqueles que já estão preparados para superar o estigma social.

 

Para a CEO da Redarbor Brasil, detentora do Infojobs, um possível caminho para o sucesso é naturalizar o uso dos benefícios de saúde mental em ambos os lados. "Precisamos que nossos gestores sejam o exemplo e deixem a comunicação e ações disponibilizadas pela empresa aberta e de fácil acesso aos profissionais", defende.

 

"E, por outro lado, devemos também utilizar esses recursos quando são disponibilizados. Muitas vezes os profissionais têm receio de buscar esses benefícios e a empresa, ao analisar a utilização, pode supor que esses recursos não são interessantes para os profissionais. No ambiente corporativo, a aderência e engajamento em um recurso da empresa é um dos indicadores da relevância e impacto que ele tem." conclui Ana Paula.

 

Esse comprometimento com a saúde mental e utilização dos benefícios, quando oferecido, é  que geram as mudanças. Em comparação com 2022, quando 77% dos profissionais afirmaram que suas empresas não ofereciam nenhuma ação de saúde mental, hoje o percentual caiu para 65%. O avanço existe, mas a baixa adesão mostra que apenas a existência dos programas não basta.

 

“Para além da oferta, é preciso vencer a barreira cultural que ainda impede milhares de profissionais de buscar apoio psicológico dentro do ambiente corporativo”, analisa Ana Prado.

Segundo a CEO, as políticas das empresas avançaram neste tema, mas ainda há espaço para construir uma cultura mais aberta. “Podemos trabalhar na oportunidade de eliminar o estigma desse assunto e buscar benefícios de suporte que respaldam essa necessidade. E, com isso, fortalecer a confiança e bem estar na carreira e em nossas equipes”. 


 

Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
NOELLE ISIDORO NEVES
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