Em um mercado globalizado, onde cada vez mais profissionais buscam recolocação no exterior ou atuam em equipes multiculturais, cresce também um obstáculo silencioso: o impostorismo. Popularmente conhecida como Síndrome do Impostor, o fenômeno faz com que até os profissionais mais qualificados sintam que não merecem estar onde estão, como se seu sucesso fosse fruto de sorte ou acaso, e sentem que são “fraudes” prestes a serem descobertas.
O impostorismo, de acordo com a especialista em carreira Carol Santos Moreira, não é um problema individual, mas um fenômeno social, fruto de ambientes tóxicos, falta de representatividade e vieses estruturais. Segundo um levantamento do Journal of General Internal Medicine, dos EUA, 82% dos profissionais ouvidos relataram já terem vivido essa sensação em algum momento da vida e um relatório da da Korn Ferry Workforce Report mostra que atinge até 71% dos CEOs nos EUA.
Carol alerta que o impostorismo tende a se intensificar em situações de recolocação internacional. O motivo? O choque cultural e as diferenças de idioma e práticas profissionais criam um terreno fértil para dúvidas internas. Um relatório da Harvard Business Review aponta que líderes expatriados frequentemente enfrentam maior pressão de performance: precisam provar competência em um ambiente novo, ao mesmo tempo em que lidam com a sensação de isolamento e a expectativa de resultados rápidos. “A insegurança pode levar à autossabotagem, dificultando não apenas a adaptação pessoal, mas também a construção de confiança com a equipe local”, reforça Carol.
Em outras palavras, não é o talento que falta, mas sim um ambiente que amplifica a dúvida e o medo de errar. Dados da consultoria KPMG mostram que 75% das mulheres em cargos de liderança já vivenciaram a síndrome do impostor, especialmente em momentos de ascensão. Esse número tende a crescer entre profissionais que arriscam uma carreira internacional ou iniciam negócios fora do país, onde os parâmetros de sucesso mudam de forma brusca.
Impacto no empreendedorismo
No empreendedorismo, o impostorismo assume outra face. Quem abre um negócio em outro país carrega o peso da comparação constante: será que minha ideia é boa o suficiente para competir em um mercado novo? Essa dúvida, embora comum, pode paralisar decisões estratégicas e inibir a inovação. Carol afirma que “muitos empreendedores descrevem esse estado como perfeccionismo extremo, comparação constante e autossabotagem - padrões clássicos do impostorismo”
Apesar dos desafios, a especialista destaca que há caminhos para ressignificar o impostorismo e torná-lo um motor de crescimento. “Autoconhecimento é uma das prioridades: investir em terapia, coaching e mentorias especializadas em transição de carreira internacional são uma excelente forma de se entender e descobrir que esse sentimento é comum. Construir redes de apoio, tanto locais quanto globais, reduzem o isolamento cultural e oferecem suporte emocional e estratégico aos profissionais”, enumera Carol.
Liderança sem máscaras
No caso dos cargos de liderança, o impacto do impostorismo é ainda mais visível, uma vez que afeta diretamente o time. Gestores inseguros podem se tornar excessivamente autocríticos, hesitar na tomada de decisões e transmitir insegurança para suas equipes.
Segundo Carol, cabe às lideranças também criar um ambiente psicológico seguro, incentivar feedbacks específicos e regulares, e promover redes de apoio e políticas de diversidade que reduzam vieses inconscientes
No cenário atual, liderar com autenticidade e autoconfiança não é apenas uma questão de saúde mental, mas também um diferencial competitivo. Para quem sonha com carreira internacional ou empreender além das fronteiras, aprender a silenciar a voz interna do impostor pode ser o primeiro passo para construir trajetórias mais sólidas e inspiradoras.
No fim das contas, o impostorismo não precisa ser um inimigo. “Admitir vulnerabilidades também fortalece vínculos e inspira confiança genuína em equipes multiculturais. O impostorismo não precisa ser eliminado: ele pode ser o sinal de que você está crescendo e se desafiando. O segredo está em não deixar que ele defina suas escolhas”, finaliza Carol Santos Moreira.
Sobre Carol Santos Moreira - Carol Santos Moreira é mentora de carreira, coach executiva (certificada PCC) e fundadora da Entre Mundos - Global Career & Community. Formada em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie com estudos em Negócios Internacionais pela SUNY, em Albany/NY (EUA), atuou por mais de 15 anos no mundo corporativo, atuando como advogada em M&A, recrutamento internacional e liderança de talentos. Pós-graduada em Liderança pela PUC-SP e em Coaching & Wellbeing pela HEBA (Espanha). Em 2023, fundou a sua consultoria, que oferece coaching executivo, mentoria de carreira internacional, treinamento e desenvolvimento de talentos, palestras para escolas de negócios e consultoria de marca pessoal para empresários que querem crescer no LinkedIn. Com uma visão global, já atendeu líderes e talentos de mais de 20 países. Em 2024 foi reconhecida como LinkedIn Top Voice e em 2025, lançou a comunidade Entre Mundos, uma comunidade bilíngue, com o objetivo de educar e conectar profissionais globais.
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PAULA OTERO CORDEIRO
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