A exposição Harmony Hammond & Ivens Machado propõe um diálogo inédito entre a obra de Ivens Machado (1942–2015), figura central da arte brasileira dos anos 1970, 80 e 90, e Harmony Hammond (1944), artista estadunidense pioneira do movimento feminista queer nos Estados Unidos. A mostra articula as fronteiras entre corpo, materialidade e política.
As obras reunidas – esculturas, pinturas, relevos e fotografias produzidas entre 1973 e 2020 – desafiam categorias formais e empregam elementos “precários”, como concreto, ferro, cordas, gaze e cera. Essas construções evidenciam a fisicalidade da matéria por meio de procedimentos incisivos, evocando a violência como operação tanto conceitual quanto visual. Enquanto Machado explora o corpo como território de tensões biológicas e materiais, Hammond atua na fricção entre processos visuais e militância política. Ambos abordam a vulnerabilidade do corpo humano e a instabilidade material, criando obras de aspectos ambíguos, entre a ferida e o curativo, a ruína e a construção.
Ao colocar esses dois artistas em diálogo, a mostra não apenas cria pontes entre geografias e temporalidades distintas, mas também evidencia a arte como ferramenta de ruptura, resistência e cuidado. A exposição propõe um encontro possível entre corpos que, mesmo distantes no espaço, compartilham uma sensibilidade comum frente às estruturas de opressão.
A exposição é realizada em parceria com as galerias Fortes D’Aloia & Gabriel e Alexander Gray Associates.
Harmony Hammond & Ivens Machado
Abertura: 31/08, das 12h às 17h
Período da exposição: 31/08 — 22/12/2025
Horários de visitação: Aberto aos sábados das 11h às 18h | Durante a semana com agendamento
Entrada sempre gratuita
Endereço: auroras – Av. São Valério, 426, São Paulo, Brazil
Agendamento e informações: [email protected]
Contato imprensa: Maite Claveau | [email protected]
Sobre os artistas
Harmony Hammond
Chicago, EUA, 1944
Harmony Hammond (n. 1944) é artista, escritora e curadora. Figura central no desenvolvimento do movimento de arte feminista em Nova York no início dos anos 1970, estudou na Universidade de Minnesota entre 1963 e 1967, mudando-se para Nova York em 1969. Foi cofundadora da A.I.R., a primeira galeria cooperativa de arte voltada para mulheres em Nova York (1972), e da revista Heresies: A Feminist Publication on Art & Politics (1976). Desde 1984, Hammond vive e trabalha no norte do Novo México, tendo lecionado na Universidade do Arizona, em Tucson, de 1989 a 2006. Seus primeiros trabalhos feministas combinavam política de gênero com preocupações pós-minimalistas com materiais e processos, frequentemente ocupando um espaço entre a pintura e a escultura.
Ivens Machado
Florianópolis, Brasil, 1942 – Rio de Janeiro, Brasil, 2015
Ao longo de sua trajetória, Ivens Machado associou a brutalidade da matéria a tensões biológicas primordiais e a estratégias construtivas inspiradas na arquitetura vernacular. O uso de materiais de construção obsoletos e o inacabamento deliberado de suas obras as aproximam de corpos arruinados, permeados por alusões orgânicas e naturalistas. Durante a ditadura militar brasileira, Machado também realizou performances filmadas que encenavam cenas de tortura, conflito racial e mumificação, articulando uma dimensão violentamente política de sua prática — na qual se destacam noções de paralisia, exaustão e ocultamento. Em toda a sua obra, o artista estabelece um circuito entre o corpo humano, em sua vulnerabilidade constitutiva, e o corpo escultórico, em sua instabilidade inerente.
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ANA KÉZIA DE ANDRADE CARVALHO
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