A partir de setembro de 2025, a Taanteatro Companhia apresenta sua nova criação, DA VIOLÊNCIA: FANON, espetáculo teatro-coreográfico inspirado na obra do pensador martinicano Frantz Fanon (1925-1961). A pré-estreia acontece de 25 a 27 de setembro, no Teatro Paulo Eiró, seguida por temporadas no Centro Cultural Vila Itororó (10 a 25 de outubro), Teatro Arthur Azevedo (30 de outubro a 2 de novembro) e Teatro Alfredo Mesquita (27 a 30 de novembro).
Com dramaturgia e direção de Wolfgang Pannek, a montagem marca a estreia no Brasil do bailarino moçambicano Mabalane Jorge Ndlozy, que assina a coreografia e integra o elenco ao lado de Mônica Bernardes, Gustavo Braunstein, Angela Mendes, Triz Cristinni e Thaíse Reis. As apresentações integram o projeto da Taanteatro Companhia contemplado pela 36ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo.
Concebido como uma “Cerimônia Coreográfica Audiovisual”, o espetáculo se organiza em sete partes — um prelúdio, cinco movimentos e um poslúdio — conduzidos por MC Fanon, alter ego ficcional do pensador. Segundo Pannek, trata-se de uma experiência poética e política que conecta passado e presente em diálogo crítico com a obra de Fanon.
O arco dramatúrgico vai do Código Negro de 1685, que instituiu a escravidão nas Antilhas, passando pelo engajamento anticolonial dos anos 1950 e 1960, até a violência policial racista contemporânea. “Numa liturgia cênica híbrida, repleta de saltos temáticos e cronológicos, introduzimos a figura histórica de Fanon, mas sobretudo atualizamos sua crítica à luz da atualidade”, afirma o diretor.
Corpo, dança e resistência
A estreia de Ndlozy como coreógrafo no Brasil traz à cena vocabulários de danças tradicionais africanas, como o Xigubo, em diálogo com a linguagem do taanteatro – teatro coreográfico de tensões. As coreografias exploram estados de conflito e resistência do corpo, ecoando o diagnóstico de Fanon sobre a hipertensão muscular como reação típica à violência colonial.
Entre as cenas, destacam-se Código Negro, que confronta o corpo branco da dança clássica ao corpo negro coisificado pela escravidão, e Não consigo respirar, que atualiza o embate colonizador-colonizado na chave da brutalidade policial.
Música, canto e paisagem sonora
A trilha sonora combina instrumentos africanos tradicionais (como timbila e tambores) à música eletrônica quadrofônica, em composições de Anderson Kaltner em colaboração com Otis Selimane Remane e Mabalane Ndlozy. O resultado é uma paisagem sonora que atravessa referências pré-coloniais, coloniais e anticoloniais, incorporando afrobeat, reggae e sonoridades afrodiaspóricas do Brasil e do Caribe.
Ruídos urbanos, discursos políticos e coros em múltiplos idiomas — criolo, changana, português e francês — também integram a cena, ao lado da grafite-vídeo-cenografia ao vivo criada por Thiago Consp e um VJ, que projeta textos e imagens em suportes móveis e fixos, estabelecendo contrastes entre violência pré-colonial, colonial e pós-colonial.
Serviço:
DA VIOLÊNCIA: FANON
Com a Taanteatro Companhia
14 anos | 75 minutos | Gratuito (ingressos disponíveis uma hora antes na bilheteria).
25, 26 e 27 de setembro, quinta-feira a sábado, 21h.
Teatro Paulo Eiró – Av. Adolfo Pinheiro, 765 – Santo Amaro, São Paulo.
10 a 25 de outubro, sexta-feira e sábado, 19h.
Centro Cultural Vila Itororô – Rua Maestro Cardim, 60 - Bela Vista, São Paulo.
30 de outubro a 2 de novembro, quinta-feira a sábado, 21h e domingo, 19h.
Teatro Arthur Azevedo – Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo.
27 a 30 de novembro, quinta-feira a sábado, 20h e domingo, 19h.
Teatro Alfredo Mesquita – Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
FREDERICO PAULA JUNIOR
[email protected]