Setembro Vermelho - Saiba como se prevenir dos vilões silenciosos do coração
Colesterol alto, diabetes, hipertensão arterial, tabagismo, obesidade e estresse são fatores de risco para as doenças cardiovasculares
KARINA KLINGER
16/09/2025 10h19 - Atualizado há 5 horas
Crédito: Freepik
Você já se perguntou qual a principal causa de morte no país? Não são os acidentes, a violência ou o câncer, mas as doenças cardiovasculares[1]. Essas enfermidades do coração e da circulação são responsáveis por 400 mil mortes por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia[2]. “O que pouca gente sabe é que grande parte desses óbitos poderia ser evitado por meio de cuidados preventivos, mudanças no estilo de vida e tratamento adequado dos fatores de risco”, alerta o cardiologista Luís Henrique Gowdak, Coordenador de Gestão Assistencial da Unidade de Aterosclerose e Coronariopatia Crônica do InCor-HCFMUSP. Em alusão ao setembro vermelho, mês de conscientização das doenças do coração, o especialista explica os principais fatores de risco à saúde desse importante órgão, responsável por bombear sangue para todo o corpo, garantindo o transporte de oxigênio e nutrientes para as células[3]. Fique de olho no colesterol ruim (LDL) Uma das causas das doenças cardiovasculares, a aterosclerose é uma enfermidade gerada pelo acúmulo de colesterol ruim (LDL) e outras substâncias nas paredes das artérias[4],[5]. Segundo o Dr. Gowdak, “quando essas placas de gordura se rompem, pode ocorrer a formação de coágulos que bloqueiam o fluxo sanguíneo, levando ao infarto”. “Por ser uma doença silenciosa, que pode atingir qualquer pessoa, a aterosclerose exige atenção preventiva. É fundamental que todos realizem check-ups periódicos com acompanhamento médico, incluindo exames para avaliar as taxas de colesterol no sangue”, complementa o especialista. Os níveis ideais do colesterol ruim (LDL) variam de acordo com o risco cardiovascular de cada pessoa[6]. Para quem tem risco cardiovascular baixo, o ideal é manter os níveis de LDL colesterol abaixo de 130 mg/dL7. Em pessoas com risco intermediário, o valor recomendado é abaixo de 100 mg/dL7. Aqueles que já sofreram um infarto ou outro evento cardiovascular devem manter um controle mais rigoroso, com o LDL abaixo de 50 mg/dL7. Controle a pressão arterial e o diabetes A hipertensão arterial é outra doença silenciosa que pode ou não apresentar sinais, mas, se não for tratada, traz riscos à saúde do coração e pode acometer outros órgãos, como o cérebro e os rins[7]. De acordo com o Dr. Gowdak, “a hipertensão é uma doença multifatorial que costuma aumentar com a idade por conta do próprio envelhecimento do organismo, mas que também está relacionada a fatores genéticos, estilo de vida, à obesidade e ao estresse”. Embora não tenha cura, a hipertensão arterial pode ser controlada com mudanças de hábitos, incluindo a prática regular de exercício físico sob orientação, alimentação balanceada e medicação conforme orientação médica8. De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), até 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 morrem por causas relacionadas a problemas cardíacos[8]. Juntamente com os altos níveis de colesterol ruim (LDL) e a pressão arterial, o diabetes tipo 2 também contribui para a formação da aterosclerose8. Deixe o sedentarismo para trás A inclusão de exercícios físicos na rotina é uma das melhores atitudes a adotar pela saúde desde que respeitem os limites individuais e sejam realizados com a supervisão de um profissional[9]. “A prática regular de atividade física, inclusive, também é recomendada para pacientes que já tiveram um evento cardiovascular, como o infarto, desde que realizadas com acompanhamento médico e seguindo um programa de reabilitação cardiovascular”, esclarece o Dr. Gowdak. Entre os tantos benefícios dos exercícios, há a melhora da capacidade dos músculos de extrair oxigênio do sangue, reduzindo assim a necessidade do coração de bombear mais sangue para os músculos, a redução de hormônios relacionados ao estresse, o aumento do HDL (colesterol bom), além ajudarem a desacelerar a frequência cardíaca e reduzirem a pressão arterial[10]. Invista numa alimentação equilibrada Uma dieta desequilibrada impacta nos fatores de risco das doenças cardiovasculares, aumentando assim a sua incidência[11]. Por isso deve-se evitar a ingestão de alimentos ricos em gorduras saturadas e trans que podem aumentar o colesterol ruim (LDL), de excesso de açúcares simples e alimentos industrializados que contém gorduras que podem elevar o nível de triglicérides (outro tipo de gordura)13. Por outro lado, a ingestão de fibra solúvel pode ajudar a reduzir os níveis do colesterol ruim (LDL)[12]. Já o excesso de sal, na forma de sódio, provoca a retenção de líquidos e o aumento da pressão arterial sobrecarregando o coração[13]. O Dr. Gowdak ainda chama a atenção “para o alto consumo calórico, especialmente de açúcares e gorduras ruins, que levam a obesidade, outro fator de risco para a hipertensão, o diabetes tipo 2 e o colesterol ruim (LDL) alto”. “Uma alimentação equilibrada também auxilia na prevenção do sobrepreso e da obesidade, ambos também fatores de risco para as doenças cardiovasculares”, complementa. Livre-se do tabagismo O cigarro contém substâncias tóxicas que afetam a circulação sanguínea e aumentam o risco de doenças cardíacas, além de causar a dependência[14]. Também estão associados ao cigarro efeitos prejudiciais sobre a pressão arterial e os vasos sanguíneos, sobre as artérias coronárias e artérias cerebrais15. Aprenda a gerenciar o estresse Em situações de estresse, o corpo libera hormônios (adrenalina e cortisol) que podem aumentar a frequência cardíaca, elevar a pressão arterial e causar inflamação nas artérias[15]. “Essas alterações podem sobrecarregar o coração, tornando-o mais vulnerável. “Os pacientes não podem achar o estresse algo normal, mas precisam aprender a identificá-lo e gerenciá-lo para que possa ser contornado da melhor maneira possível”, esclarece o Dr. Gowdak. Referências
[1] ECONOMIST IMPACT. City Heartbeat Index 2024 – Findings Report. Londres: Economist Impact, 2024. [2] Sociedade Brasileira de Cardiologia. Cardiômetro. Disponível em: https://www.cardiometro.com.br/. Acesso em: 13 ago. 2025. [3] American Heart Association. Disponível em: https://www.heart.org/en/health-topics/heart-failure/what-is-heart-failure. Acesso em agosto de 2025. [4] Adaptado de Roth GA, et al. Global Burden of Cardiovascular Diseases and Risk Factors, 1990–2019 J Am Coll Cardiol. 2020;76(25):2982-3021. [5] American Heart Disease. Disponível em: https://www.heart.org/en/health-topics/cholesterol/about-cholesterol/atherosclerosis. Acesso em agosto de 2025. [6] PRÉCOMA, D. B. et al. Diretriz de prevenção cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019;113(4):787-891. [7] American Heart Association. Disponível em: https://www.heart.org/en/health-topics/high-blood-pressure/the-facts-about-high-blood-pressure. Acesso em agosto de 2025. [8] Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: https://diabetes.org.br/pessoas-com-diabetes-tem-o-dobro-de-risco-para-infarto-agudo-do-miocardio/. Acesso em agosto de 2025. [9] World Health Organization. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/physical-activity. Acesso em agosto de 2025. [10] Hopkins Medicine. Disponível em: https://www.hopkinsmedicine.org/health/wellness-and-prevention/exercise-and-the-heart. Acesso em agosto de 2025. [11] RAUBER, F. et al. Impact of diet on ten‑year absolute cardiovascular risk in a prospective cohort of 94 321 individuals: a tool for implementation of healthy diets. The Lancet Regional Health – Europe, [s.l.], v. *, n. *, p.‑p., (publicado há 3,3 anos). Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanepe/article/PIIS2666-7762(22)00113-2/fulltext. Acesso em setembro de 2025. [12] URESH, Anjana; SHOBNA; SALARIA, Mani; MORYA, Sonia; KHALID, Waseem; AFZAL, Farukh Adeem; KHAN, Ammar Ahmad; SAFDAR, Saira; KHALID, Muhammad Zubair; MUKONZO KASONGO, Emery Lenge. Dietary fiber: an unmatched food component for sustainable health. Food and Agricultural Immunology, v. 35, n. 1, p. 2384420, 2024. DOI: 10.1080/09540105.2024.2384420. Acesso em setembro de 2025. [13] Harvard Medical School. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/heart-health/dietary-salt-and-blood-pressure-a-complex-connection. Acesso em agosto de 2025. [14]Ministério da Saúde. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-parar-de-fumar/noticias/2021/a-relacao-entre-o-tabagismo-e-as-doencas-cardiovasculares. Acesso em agosto de 2025. [15] American Heart Association. Disponível em: https://www.heart.org/en/healthy-living/healthy-lifestyle/stress-management/stress-and-heart-health. Acesso em agosto de 2025. Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
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