Trânsito seguro próximo a escolas é preocupação de educadores e especialistas em mobilidade
No mês da Semana Nacional do Trânsito, iniciativa que busca conscientizar sobre a segurança viária realizada de 18 a 25/09, profissionais falam sobre a importância do tráfego seguro próximo a instituições de ensino
KASANE COMUNICAÇÃO
15/09/2025 16h19 - Atualizado há 5 horas
Reprodução.
Anualmente, no mês de setembro, acontece a Semana Nacional do Trânsito, prevista pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e coordenada pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). Neste ano, será realizada de 18 a 25/09, com tema central “Desacelere. Seu bem maior é a vida” e o intuito de conscientizar as pessoas sobre a segurança viária por meio de diversas ações em todo o Brasil. Com gancho na iniciativa, especialistas levantam uma discussão sobre as condições do trânsito próximo a áreas onde existem instituições de ensino, que não só exigem atenção redobrada dos condutores, mas com o número crescente de veículos nas grandes metrópoles, por exemplo, acendem um alerta sobre a infraestrutura adequada que possa contribuir para a segurança e fluidez do tráfego, assim como o papel da educação na conscientização permanente de adultos e crianças.
A diretora pedagógica do Colégio Externato São José, Tatiana Santana, explica que a escola, localizada no Setor Oeste, em Goiânia, tem uma preocupação constante com o chamado entorno escolar e, por isso, busca minimizar o impacto do fluxo de veículos nos horários de maior movimento. “Para isso, contamos com espaços planejados para embarque e desembarque rápido, orientações constantes às famílias, presença de equipe de portaria e monitoria, além de ajustes na rotina de entrada e saída para evitar congestionamentos. Essas medidas contribuem diretamente para a fluidez do trânsito na região, para a segurança de motoristas e pedestres e para o fortalecimento das noções de responsabilidade compartilhada entre pais, alunos e escola”, afirma.
A educadora chama a atenção para a importância do debate permanente sobre o tema com pais e alunos. “Nós entendemos que a educação para o trânsito é parte essencial da formação cidadã. Por isso, trabalhamos o tema de forma interdisciplinar, desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental, por meio de projetos integradores, palestras com órgãos parceiros, como o DETRAN-GO, atividades lúdicas e práticas de cidadania”, comenta. O colégio já realizamos circuitos educativos no pátio, palestras sobre mobilidade segura e conscientização no uso de bicicletas e patinetes, além de oficinas em inglês que também reforçam o tema da mobilidade, como enumera Tatiana.
Para a diretora, o grande desafio é transformar o trânsito em um espaço de respeito e empatia. “Muitas vezes, os adultos sabem a teoria, mas não aplicam no cotidiano, o que gera contradições diante dos filhos. Já as crianças precisam ser formadas desde cedo para entender que regras de trânsito significam cuidado com a vida. Por isso, nosso trabalho é constante e reforça a ideia de que cada atitude, por menor que seja, impacta na segurança de todos”, diz.
Problema generalizado
Um levantamento feito pelos especialistas do Mova-se Fórum de Mobilidade, Matheus Duarte e Jean Damas, em Senador Canedo, Piracanjuba, Águas Lindas de Goiás, Buriti de Goiás e São Miguel do Passa Quatro revelam como as crianças e adolescentes vivem essa rotina marcada por contrastes entre áreas urbanas e cidades menores. Nos municípios mais populosos, como Águas Lindas e Senador Canedo, a pesquisa mostra que a dependência do transporte motorizado é evidente. Já nas cidades de menor porte, como Buriti e São Miguel do Passa Quatro, os dados evidenciam que a realidade é outra: a proximidade entre residência e escola favorece trajetos a pé e de bicicleta, ainda que sem a devida estrutura de segurança.
De acordo com Matheus Duarte, que é engenheiro de transportes, os riscos não são apenas sensação: a percepção de que os veículos trafegam em alta velocidade no entorno das escolas foi recorrente em praticamente todos os municípios. Em paralelo, ele conta que a maioria dos entrevistados avaliou as calçadas como inadequadas, seja pela falta de manutenção, seja pela inexistência de espaço para pedestres. A travessia de ruas, especialmente em vias de maior movimento, também se mostrou um ponto crítico para famílias e estudantes. “Na avaliação geral do trajeto, o quadro não é animador. O trânsito foi classificado como problemático nos municípios maiores, refletindo congestionamentos, imprudência e falta de fiscalização”, revela.
Para o especialista, o retrato desenhado pelas respostas escancara um tripé de problemas que se repete de município para município: veículos em alta velocidade, infraestrutura ineficiente para pedestres e ausência de programas contínuos de educação para o trânsito. “Enquanto cidades grandes sofrem com congestionamento e dependência do transporte motorizado, os pequenos centros enfrentam a carência de calçadas, ciclovias e travessias seguras. Em ambos os cenários, a mobilidade escolar segue como um desafio urgente para gestores públicos, professores e famílias”, finaliza.
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CAROLINA OLIVEIRA DE ASSIS
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